A polêmica das notícias falsas que se disseminam pela internet – principalmente no Facebook – recebeu grande atenção com a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. Postagens contra a candidata democrata Hillary Clinton e informações falaciosas sobre o republicano teriam influenciado o resultado. O assunto, porém, não parou com o fim do pleito.
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Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira revela a percepção das pessoas sobre histórias irreais. Um a cada três americanos revelou ver com frequência notícias falsas na internet (32%), enquanto 25% dizem ver quase nunca.
A maioria dos americanos (64%) acredita que histórias falsas causam "confusão" em torno dos fatos e acontecimentos diários. Essa opinião é comum entre os 1.002 adultos entrevistados de diferentes classes sociais e filiações políticas, ainda que os números variem de acordo com essas características. O levantamento foi feito pelo renomado centro de pesquisas Pew.
Entre os republicanos, 57% concordam que notícias falsas causam confusão, e 64% dos democratas responderam o mesmo. Entre indivíduos com renda maior, a proporção também aumenta: 73% dos que ganham maiores salários (mais de US$ 75 mil por ano) concordaram que essas histórias inventadas causariam confusão; 58% dos entrevistados com renda menor do que US$ 30 mil por ano afirmaram o mesmo.
Confiança para detectar mentiras
Mesmo com a maioria acreditando que histórias falsas causem confusão, 23% disseram que já compartilharam algum tipo de notícia irreal. Desses, 14% afirmaram saber sobre a inveracidade do fato e 16% descobriram depois.
Menos da metade disseram-se confiantes o bastante para identificar notícias falsas (39%). Já 45% afirmaram que são razoavelmente confiantes. Apenas 9% responderam que não tinham confiança para distinguir fatos reais de mentiras.
Responsabilidade
A pesquisa também revela que 45% dos adultos americanos acreditam que o governo e os políticos têm a responsabilidade de prevenir que essas falácias compartilhadas ganhem demasiada atenção. Entre os entrevistados, 42% acham que são as próprias pessoas que deveriam fazer esse filtro – a maioria atrela a responsabilidade de tal tarefa às empresas que controlam sites, redes sociais e buscas.
O papel de parar a disseminação de fatos que podem ser danosos à reputações e causar reações negativas está no centro dos debates sobre as falsas noticias. Recentes acontecimentos têm mostrado as consequências da disseminação de fatos mentirosos. Influenciado por boatos na internet, um homem entrou armado em uma pizzaria nos Estados Unidos por acreditar que seria um local de pedofilia – que funcionaria com o conhecimento de Hillary Clinton.
Apesar de seu fundador, Mark Zuckeberg, ter se manifestado em novembro, discordando da influência da disseminação de histórias falaciosas na eleição americana, o Facebook tem se mostrado mais atento à questão. Nesta quinta-feira, a rede social divulgou uma série de medidas para combater o fenômeno.
Uma delas seria facilitar a denúncia de material falacioso no próprio post. Em parceria com outras empresas, posts denunciados também serão enviados para terem seus fatos checados. Um material explicando as divergências entre as informações será vinculado ao post suspeito de ser mentiroso. O compartilhamento de postagens também será levado em consideração: segundo o Facebook, se um artigo, que é lido por usuários, não recebe muitos compartilhamentos, ele pode ter enganado as pessoas de alguma forma.
Esta última avaliação é polêmica, já que o site BuzzFeed mostrou que histórias falsas sobre a eleição americana tiveram mais engajamento do que as verdadeiras. A metodologia usada para essa análise do veículo americano sofreu críticas, mas mostrou que uma história falsa de que o papa Francisco estaria apoiando Trump recebeu mais de 960 mil curtidas, compartilhamentos e comentários.