O Facebook iniciou a maior reforma de conteúdos em sua rede dos últimos anos. Agora o feed de notícias de cada usuário dará prioridade às publicações compartilhadas por familiares e amigos, deixando famosos, marcas e meios de comunicação em segundo plano.
A rede social fez o anúncio na quinta-feira à noite, após vários meses de teste em seis países - entre eles Guatemala e Bolívia - com a vontade declarada de privilegiar o bem-estar dos internautas.
Concretamente, as fotos, os links e comentários publicados por amigos e conhecidos permanecerão visíveis no feed, diferentemente dos elementos procedentes de páginas que os usuários curtiram, que estarão menos presentes.
Este novo sistema deve permitir favorecer as interações e as relações pessoais entre os usuários, explica à AFP John Hegeman, responsável pelo feed de notícias no seio do grupo.
"É uma grande mudança", destaca. "De fato, as pessoas vão passar menos tempo no Facebook, mas isso nos convém porque tornará o tempo que passam mais precioso e, no final das contas, será bom para nossa atividade".
O Facebook considera, por exemplo, que uma foto de família tem mais valor para um usuário do que o vídeo de uma celebridade, ou a propaganda de uma marca de roupa.
"Achamos que a interação entre as pessoas é mais importante do que o consumo passivo de conteúdos", insiste Hegeman, acrescentando que se trata de "uma das atualizações mais importantes" que o Facebook já fez.
- Os meios se preocupam -
Mas este novo funcionamento preocupa os meios de comunicação, que veem os conteúdos divulgados em seus perfis relegados a um segundo plano e temem importantes consequências em sua capacidade de chegar aos leitores, a menos que os patrocinem no feed de notícias pagando uma tarifa.
Nos países onde foi realizado o teste em outubro, os meios observaram uma queda importante de visitas em seus sites procedentes do Facebook.
Em um artigo publicado em meados de outubro no site medium.com, o jornalista eslovaco Filip Struharik, encarregado de redes sociais para o jornal Dennik N, considerava que os 60 principais sites de meios de comunicação do país haviam percebido uma redução à metade dos conteúdos com "curtir", compartilhados, ou comentados.
"O tráfego nos sites dos principais jornais eslovacos não evoluiu significativamente por terem muitos leitores regulares, uma página de início forte, notificações (...), mas já vemos uma queda do tráfego nos sites de meios menos importantes", detalhou.
"É algo bastante saudável", considera, por sua vez, um analista francês. "O Facebook não quer assumir muita responsabilidade na difusão de notícias falsas. É hora dos meios retomarem o controlem e pararem de depender dos GAFA" (Google, Apple, Facebook, Amazon, ndlr).
O cofundador e presidente do grupo, Mark Zuckerberg, definiu como prioridade aproximar em sua rede as pessoas que interagem na vida vida real.
O CEO citou em particular vários estudos segundo os quais as interações com familiares e amigos favorecem o bem-estar, muito mais que, por exemplo, ler artigos da imprensa.
O Facebook, assim como o Twitter, recentemente foi criticado por ter deixado sobressair informações falsas como os conteúdos publicados pelos russos durante a campanha presidencial americana em 2016.
Mas o problema pode persistir, dado que o novo funcionamento do feed de notícias não relega a um segundo plano os artigos e vídeos compartilhados por amigos, que continuam sendo a primeira causa das informações falsas se tornarem virais nas redes sociais.
* AFP