Em março de 2023, completo 25 anos de jornalismo. Mais da metade da minha vida. Confesso que me assusto com esse número. Impressionante como o tempo passa voando! Parece que foi ontem, quando cheguei nervoso na redação da Rádio Gaúcha para falar com o coordenador de jornalismo na época, Luciano Klöckner, buscando uma vaga de estagiário como rádio-escuta no jornalismo geral.
Admito que eu sempre sonhei em trabalhar no departamento de esportes. E isso aconteceu logo em seguida pelas mãos do Cléber Grabauska. Mas a primeira oportunidade, trabalhando à noite, na pequena salinha no fundo da velha redação acompanhando os noticiários dos veículos concorrentes, seria a porta de entrada para trabalhar com rádio.
Posso dizer que já fiz de tudo dentro de uma redação. Primeiro como produtor. Organizando programas, marcando entrevistas, redigindo textos, editando áudios, montando matérias, fazendo roteiros, discutindo pautas, atendendo ouvintes no telefone, bolando promoções, recebendo convidados e oferecendo cafezinho, buscando fax com recados para o programa no ar (tem uma gurizada que nem sabe o que é um fax hoje em dia!) e coordenando jornadas esportivas. Em resumo, cobrando escanteio e cabeceando na área.
Depois, fui para a reportagem na torcida. Caiu no meu colo uma tarefa da transmissão esportiva que muitos colegas julgavam como uma função inferior. Para mim aquilo era o filé mignon da jornada. A grande chance de ir para o microfone, de ficar próximo dos ouvintes. E graças ao trabalho com a galera nos estádios, tive a felicidade de fazer grandes coberturas da dupla Gre-Nal, o Pan-Americano do Rio em 2007, duas edições dos Jogos Olímpicos e três Copas do Mundo.
Serei para sempre, com muito orgulho, o “Gigante das Arquibancadas”, como batizou o Pedro Ernesto. Sinto muita saudade desse tempo.
Já contei por aqui em GZH que virar narrador era um sonho de criança, da época em que jogava futebol de botão ou disputava peladas na rua de paralelepípedo. E sempre pensei ser um contador de histórias pelos estádios do mundo pelo rádio, minha grande paixão. Mas a vida pode surpreender, e os caminhos acabaram me levando até a RBS TV. Sinceramente, nunca imaginei que colocaria a minha carinha bonita (ou nem tanto) na televisão. Seis anos depois da minha estreia na telinha, dividindo a rotina com as tarefas de apresentador na Gaúcha e colunista de Diário Gaúcho e GZH, posso confessar que também me apaixonei pela função.
E fazer o Caminhos para a Vitória no Globo Esporte com a parceria especial da Alice Bastos Neves, não é trabalho. Além da produção de conteúdo com relevância, que sempre procura passar uma mensagem legal, é uma grande diversão. Confesso que já começa a bater uma saudade vendo que a segunda temporada do nosso reality está quase terminando. Temos que inventar uma nova empreitada, hein Alice? O lado bom é que a Copa do Catar está cada vez mais próxima. A ansiedade só aumenta. Vai ser emocionante! Pelo menos a consciência está tranquila porque a preparação para a cobertura do meu quarto Mundial tem sido feita no capricho.
Mas queria compartilhar uma coisa chata. Outro dia, recebi no meu Instagram um recado de uma pessoa dizendo que eu era um péssimo profissional, burro e incompetente, que só tinha todos os espaços que ocupo nos veículos da RBS porque eu tinha um padrinho muito forte na empresa. Uma crítica gratuita feita apenas com o claro viés de destruir, sem respeitar a minha história.
Tenho consciência que ninguém é uma unanimidade. Não tenho a menor pretensão de agradar a todo mundo. Mas sabe, esse tipo de coisa acaba machucando. Só que deixo uma reflexão. Por que será que esses ataques virtuais, em número pequeno, diga-se de passagem, tem um efeito muito maior na nossa cabeça do que as manifestações carinhosas que recebemos olho no olho nos lugares por onde andamos? Talvez seja o retrato do tempo de intolerância que vivemos.
Daí, eu pensei em tudo o que relatei da minha trajetória agora nessa coluna. Lembrei de todas as horas que passei me preparando para chegar até aqui. De toda a entrega ao trabalho nesses anos todos, inúmeras vezes abrindo mão do convívio com a família e os amigos. E concluí que o “meu padrinho” é a minha dedicação extrema.
Como diz uma canção de Nando Reis, “é bom olhar para trás e admirar a vida que soubemos fazer”. E o mais importante dessa história. Eu me orgulho demais e sou muito feliz por tudo o que construí na minha vida até aqui e dos amigos que conquistei e levarei no meu coração. O futuro é logo ali para ser construído.