De raízes populares, uma das marcas das primeiras décadas do Beira-Rio, que completa 50 anos agora em abril, era um espaço chamado de coreia. O local era frequentado pelos torcedores que contavam seus poucos trocados para acompanhar o Inter.
Lembro aos mais jovens, que não conheceram a histórica área do estádio, que a coreia era um fosso sem assento, com degrau baixinho, logo abaixo da arquibancada inferior, no nível do campo, obrigando os espectadores a ficarem em pé. Uma figura clássica do setor era o Zecão, do Chapéu do Sol, bairro do extremo sul de Porto Alegre. Um colorado fanático, com seus óculos de lentes grossas e sempre com o radinho de pilha na mão. Em 2004, o espaço foi desativado por questões de segurança.
Veio, então, ideia da retirada das cadeiras atrás da goleira do lado sul do Beira-Rio, que tem basicamente dois motivos. O primeiro é atender ao pleito dos torcedores que gostam de acompanhar jogo sem ficar sentados, que ficam empurrando o time durante os 90 minutos.
A outra razão para a criação do novo setor tem a ver com a elitização dos estádios. Com a reformulação do Beira-Rio, foram criadas várias áreas de acesso para torcedores com mais recursos financeiros. São camarotes luxuosos e setores de cadeiras superiores e inferiores com tudo do bom e do melhor — parte dos assentos é administrada pela BRio, parceira do Inter que cuida da área onde ficava a antiga social. E os ingressos encareceram bastante.
A nova área popular terá preços reduzidos em relação aos demais setores do estádio e muito mais conforto do que existia na antiga coreia. Todo mundo sabe que é o dinheiro que domina o futebol. Mas um estádio de futebol tem de ser democrático, para possibilitar o acesso a todas as classes sociais, dos menos aos mais abastados.