Ainda que o atual time exiba mais transpiração do que virtuosismo, o técnico Odair Hellmann começa a ganhar opções para a Libertadores. A vitória do Inter sobre o Aimoré, no domingo (10), deu mostras da versatilidade de Nonato, da ascensão de Sarrafiore, da resistência de D'Alessandro — o camisa 10 correu os 90 minutos — e da evolução física de Rafael Sobis, que definitivamente readquiriu o ritmo de competição.
Ainda assim, para a partida de terça-feira (12) contra o Alianza Lima, às 21h30min no Beira-Rio, a tendência é de repetição da equipe que bateu o Palestino em Santiago, com o tripé de volantes, Rodrigo Dourado — ou Lindoso, uma vez que o capitão não treinou nesta segunda, devido à entorse no tornozelo direito sofrida no Chile na última quarta-feira —, Edenilson e Patrick, mais William Pottker e Nico López abertos pelas pontas, além de Pedro Lucas.
Mesmo que em San Carlos de Apoquindo o time tenha insistido no jogo de ação e reação, recuperando a bola e invariavelmente acionando Pottker e Nico pelos lados de campo, a escalação de um armador não parece estar nos planos de Odair para o confronto com os peruanos. D'Alessandro e Nonato devem permanecer no banco de reservas, enquanto Sobis surge com mínima chance de começar na vaga de Pedro Lucas.
— Talvez esteja na hora de trocar o tático pelo técnico. Curiosamente, as duas melhores atuações do Inter no Gauchão foram contra o Juventude, no Jaconi, e no domingo, contra o Aimoré. Nas duas partidas, Odair utilizou o 4-2-3-1, e o Inter fez menos força para jogar. Na primeira, Edenilson, Nico e Neilton foram os destaques. Na segunda, Nonato, Sarrafiore e Sobis — entende o comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GaúchaZH Cléber Grabauska.
Para o analista, "o campo está sinalizando que o Inter começa a ter peças para fazer a mudança":
— Nonato, mesmo com uma pequena mostra, tem qualidade para ser titular. Sobis, se tiver um time mais veloz, pode render bem mais que Pedro Lucas. E Sarrafiore pode esperar um pouco mais.
O debate em relação ao aproveitamento de Nonato ganha força. Destaque na vitória sobre o Aimoré e ungido a novo xodó da torcida, o volante/meia de 21 anos poderia jogar no lugar do combativo Patrick?
— Neste caso, o Inter perde apenas em experiência, algo importante em Libertadores. Nonato não foi testado em jogos mais pesados. Fora isso, olhando as estatísticas, só tem a acrescentar — afirma o comentarista da Gaúcha e da RBS TV e colunista de ZH e GaúchaZH Diogo Olivier, que completa: — É um erro afirmar que Nonato deixa o meio-campo menos marcador. Contra o Aimoré, foi o maior ladrão de bolas, sem oferecer o outro lado da moeda, que é participar ativamente da transição, acertando passes e se movimentando. E, pisando na área, com finalizações que obriguem o goleiro adversário a trabalhar. Sua titularidade é questão de tempo.
Se Odair mantiver a formação que começou a partida contra o Palestino, talvez seja necessário mexer na equipe para a segunda etapa. O Alianza Lima, que ficou no 1 a 1 em casa com o River Plate, na estreia, deverá jogar fechado e buscar os contra-ataques. Um empate em Porto Alegre está nos planos peruanos.
— O Alianza sabe que o Inter jogará para vencer e abrir frente no grupo. A equipe está pronta para sofrer, marcar o adversário e buscar os contra-ataques. Tem jogadores velozes para isto: José Manzaneda (meia peruano), Kevin Quevedo (atacante peruano) e Mauricio Affonso (atacante uruguaio). (O técnico) Miguel Ángel Russo estudou muito bem o River e, certamente, analisou bem o Inter. Acredito que o segredo do jogo estará na resposta a ser dada pelo Alianza — afirma o jornalista César Vivar, da rede de TV Andina, do Peru.
Para Edenilson, o mais importante é manter a competividade mostrada pelo time na sequência de vitórias nos últimas seis partidas.
— A nossa equipe demonstrou ser competitiva no ano passado. Ainda vamos evoluir em meio à competição. Temos uma mescla boa de jogadores, que querem conquistar muitas coisas pelo Inter — comentou o volante, melhor jogador do time na estreia da Libertadores. — Não sei nosso jogo foi mais travado no Chile, mas o importante era vencer. Sabíamos que seria difícil. Alianza e River mostraram que não tem jogo fácil. O Inter vai buscar sempre a vitória, jogando feio ou bonito — completou.