O Inter conheceu sua primeira derrota no Gauchão. Pagou caro o preço de um primeiro tempo muito abaixo, em que mostrou dificuldades em todos os momentos do jogo. Foi frágil na defesa, sem conexão para construir de trás para a frente e, como resultado, teve um ataque tíbio. Levou 2 a 0 em pouco mais de 20 minutos e escapou de levar mais. Não fosse Anthoni, o primeiro tempo teria acabado com um placar maior a favor do Guarany.
É verdade que os gols vieram em falhas grosseiras. Mas é verdade, também, que o Inter criou o cenário para essas falhas, posicionando-se mal em campo, deixando espaços e tendo alguns protagonistas nos lances. Principalmente, no segundo gol, quando Mercado acabou perdendo o tempo da bola.
No final do primeiro tempo, quando conseguiu trocar mais do que três passes em sequência, criou chances e chegou ao seu gol, em pênalti convertido por Pedro Henrique. Foi tão fraca a atuação, que Coudet voltou do intervalo com quatro titulares tirados do banco. Alan Patrick, Renê, Wanderson e Aránguiz mudaram o jogo totalmente, tanto que o Guarany mal passou do meio-campo.
Foram apenas 24 passes certos trocados apenas pelos donos da casa, contra 289 do Inter. O Guarany não arrematou nenhuma vez. O Inter, cinco, acertando poste e parando quase sempre no goleiro Rodrigo Mamá, 40 anos, o herói da noite e daqueles personagens que só o Gauchão é capaz de construir.
A derrota em Bagé, a primeira do Inter para o Guarany em 56 anos, precisa ser analisada com o prisma do equilíbrio. É fato que a pré-temporada ainda cobra o preço. A necessidade de preservar jogadores e alternar titulares e reservas impacta demais na produção do time. Há o gramado, que exige um jogo mais direto e de disputa física, de menos bola no chão e muito mais pelo alto. Tudo isso entra na conta.
Mas, mesmo nesse cenário de dificuldades, é preciso também fazer algumas avaliações individuais. Gabriel Barros ganhou nova chance e pouco apresentou. Pedro Henrique melhorou em relação a ele mesmo, mas ainda está longe de ser o jogador decidido que já foi. Campanharo, numa linha mais avançada, rendeu muito pouco. Rômulo, como um volante que precisa construir, tem dificuldades. E há a necessidade latente de um lateral-esquerdo mais efetivo na fase ofensiva, para criar uma alternativa de outra característica naquele lado.
Enfim, foi uma noite de avaliações. E de prova de vitalidade do Gauchão, que viu o Guarany superar suas limitações e dificuldades para fazer uma noite histórica.