A reeleição de Alessandro Barcellos, embora ajustada, mostra que o Inter cortou o cordão com os dourados anos de 2006 e 2010. São as duas maiores temporadas dos 114 anos de vida do clube e devem ser sempre recordados e celebrados. Estão na memória como capítulos de ouro. Mas o Inter parecia amarrado a eles, como se insistisse ficar preso ali.
Mesmo que o resultado da eleição tenha sido por pouco mais de 2,4 mil votos, o associado decidiu que era preciso olhar para a frente, deixar para a história o que deu certo lá atrás. Optou por seguir em um caminho diferente, para sobreviver numa indústria que, nesta última década, não andou, correu.
A prova de que o sócio fez essa opção está nos emblemas derrotados com Roberto Melo. Abel Braga e D'Alessandro são ídolos colorados, estiveram entre os grandes protagonistas de 2006 e 2010. Nem mesmo a presença deles em cargos de comando convenceu os colorados.
Há algumas explicações para isso. A primeira é de que o Inter, por ter saído na frente ao abrir o voto ao sócio, em 2008, atingiu uma maturidade. Percebe-se, hoje, um interesse maior em projetos e modelos de gestão e menos o voto passional, motivado por ídolos ou embalado em promessas.
O segundo ponto é da chegada ao colégio eleitoral de uma nova geração de sócios que era criança em 2006 e 2010. Esses jovens, hoje na faixa dos 20, 23 anos, conhecem os títulos, orgulham-se deles, mas não viveram como alguém que, naquela época, era jovem ou adulto. Sendo assim, o apelo de ídolos como Abel e D'Ale, para eles, é menos intenso.
Alessandro Barcellos terá pela frente, agora, o desafio de confirmar que os passos dados nos primeiros três anos, para reequilibrar, repercutirão no campo. Há uma ótima perspectiva de que isso aconteça. O último ano de gestão fechou com um time renovado, pontuado por nomes importantes e com um técnico identificado, de ideia ofensiva de jogo. O trabalho, agora, é de acabamento desse time. Isso também pesou na hora do voto.