Deivid Washington, 17 anos, é apontado como o novo raio que caiu na Vila Belmiro. Ou como a mais nova promessa que bebeu a água benzida pelo Rei Pelé. O guri estreou há dois meses no time principal, em jogo contra o Botafogo-SP, pela Copa do Brasil. Atuou por cinco minutos e quase fez um gol.
Dois dias depois, o Santos anunciou a prorrogação do seu contrato até abril de 2026. O atual acabaria em junho de 2024. Deivid foi escalado por Odair Hellmann como titular contra o Newell's, pela Copa Sul-Americana, e não saiu mais da órbita do técnico. Os gols contra Bahia e Vasco só confirmaram as expectativas no guri nutridas na Vila desde 2016.
O que poucos sabem é que até ser aprovado numa peneira no CT Rei Pelé, no começo e 2016, Deivid era promessa da base do Grêmio. Sim, entre os oito e os 11 anos, era atacante e marcava seus gols no CT do Cristal.
O guri veio de Itumbiara, com a família. A saída do Grêmio se deu por duas razões: dificuldades de adaptação da família em Porto Alegre e, claro, o encanto que provoca a base do Santos. Ser um Menino da Vila e o alto índice de aproveitamento que o clube dá à base seduziram Deivid.
No começo de 2016, o ex-volante Marcos Assunção indicou o guri para um período de testes no Santos, conforme revela o site Diário do Peixe, especializado no dia a dia do clube, como sugere o nome. O supervisor da base, na época, era o ex-lateral Paulo Róbson. Bastou uma semana de observação para Deivid ser aprovado.
A família, assim, se mudou para Santos. Os dias em Porto Alegre foram de dureza, conforme revelou o próprio centroavante em entrevista ao UOL. Em Itumbiara, os pais tinham uma empresa de serviços agrícolas, ofereciam consertos de máquinas e pulverização de lavouras. Fecharam tudo e decidiram apostar na oportunidade oferecida pelo Grêmio. Porém, a especialidade dos pais em Goiás era quase igual a nada na urbana Porto Alegre.
A família morou em uma casa de cômodo único. Para sustentar Deivid, a irmã e a esposa, o pai fez de tudo um pouco: lavador de carros, pintor, eletricista.
No Santos, a vida da família mudou. Muito também pelo suporte de Giuliano Bertolucci, um dos principais empresários do futebol brasileiro. No segundo ano na Vila, Deivid foi campeão de torneio na Coreia do Sul. Jogava mais aberto, como um ponta.
Em 2021, aos 16 anos, começou a ganhar projeção. Passou a jogar como centroavante e se tornou a grande promessa da base. Subiu para o sub-20, mas sentiu a diferença do jogo. Voltou ao sub-17 e fez a temporada de afirmação. Foram 19 gols em 19 jogos pelo Paulista sub-17, mais quatro pelo sub-20. No Brasileirão, foram dois gols pelo sub-20 e 10, em 11 jogos, pelo sub-17.
Havia grande expectativa nele na Copa SP. Fez três gols, mas uma lesão o tirou de ação no quarto jogo. Como fazia a recuperação com o grupo principal, Odair passou a observá-lo em treinos. A janela criada pela queda no Paulistão deu tempo para que o guri mostrasse suas ferramentas e virasse alternativa.
Agradou tanto que o Santos liberou Marcos Leonardo para o Mundial sub-20. Afinal, o próximo da linha sucessória estava pronto. Uma linha que, só pegando atacantes, teve Rodrygo, Kaio Jorge, Yuri Alberto e Marcos Leonardo. Só citando os mais recentes.