O ano eleitoral do Inter está só começando, com tendência de elevação das temperaturas. Haverá disputa no final do ano, para a sucessão de Alessandro Barcellos. Desde já, os movimentos políticos já se movimentam e entabulam conversas. O que está dentro da normalidade. Porém, a corrida eleitoral no horizonte faz com que cada debate no âmbito do Conselho Deliberativo recrudesça e agite os bastidores políticos do clube. O debate da vez é a adesão do Inter no acordo do Movimento Forte Futebol com o grupo norte-americano Serengetti.
Para você entender, a situação é a seguinte. No último dia 6 de fevereiro, em São Paulo, os 26 clubes do MFF fecharam questão em torno da proposta de R$ 4,85 bi pela venda de 20% dos direitos de transmissão para o Serengetti, em acordo válido pelos próximos 50 anos. Os 26 clubes integrantes saíram da reunião com a missão de referendar o acordo em seus Conselhos Deliberativos e voltar dentro de prazo de 90 dias, para assinatura de contrato. O Inter marcou para segunda-feira a reunião do Conselho para votar a adesão ou não ao acordo (13). Nesta quarta-feira (8), haveria uma sessão para os conselheiros tirarem suas dúvidas.
É nesse ponto que se iniciou a discussão interna no clube. Um grupo de 130 conselheiros de oposição assinou requerimento ao presidente do Conselho, Sérgio Juchen, pedindo que a discussão seja mais aprofundada. Reclamam que há açodamento na definição de um contrato que terá duração de 50 anos. O aprofundamento do debate, evidentemente, é sempre válido e necessário. Fazem bem os conselheiros em pedirem mais tempo. Houve uma apresentação aos líderes dos grupos, a sessão para responder perguntas desta quarta e haverá a votação. Também seria recomendável a proposta passar pela análise do Conselho Fiscal, se isso der mais segurança ao plenário.
Os conselheiros pedem que a Libra, a outra liga, formada por 18 clubes, também apresente seu projeto e suas pretensões para o futuro do futebol brasileiro. É um pedido fora do tempo. Deveria ter sido feito no ano passado, quando os clubes começaram a se movimentar e se juntar em blocos.
A Liga Forte Futebol foi criada em fevereiro de 2022, por 10 clubes emergentes da Série A. Em 7 de março de 2022, na reunião do Conselho de Clubes na CBF, o Inter se alinhou ao movimento.
Ou seja, passou-se um ano inteiro. Nesse período, Alessandro Barcellos, assim como os presidentes de Athletico, Atlético-MG, Fluminense e Fortaleza, virou um dos líderes do bloco. Estava claro que o Inter havia aderido ao Forte Futebol, enquanto, em paralelo, os cinco paulistas e o Flamengo fundavam a Libra.
Faltou ao Conselho ser proativo, questionar se aquele era mesmo o bloco a ser aderido. Pedir para ouvir, neste momento, as propostas da Libra me parece totalmente fora do tempo. E tira o foco de discussões mais importantes. É mesmo seguro fechar um contrato por 50 anos? Quais as garantias que essa empresa oferece? Qual a destinação dos R$ 202 milhões a serem pagos em 18 meses?