Na terça-feira, torcedores gremistas inundaram as redes sociais com menções ao Gre-Nal dos 100 anos, o clássico disputado em 19 de julho de 2009, que marcou o centenário da rivalidade e foi vencido pelo Grêmio por 2 a 1.
Autor do gol da vitória, o argentino Máxi López nem deve ter lembrado da data. Também pudera. Maxi estava em Birmingham, a segunda maior cidade da Inglaterra, comprando o clube local — na verdade, o outro, já que ali também é endereço do Aston Villa.
O Birmingham City não é qualquer clube. Atualmente, é verdade, cambaleia na Championship, a segunda divisão inglesa. Na temporada passada, acabou em 20º entre 24 clubes e escapou por um fio do rebaixamento à League One, a Terceirona.
Mas se trata de uma das camisas mais tradicionais do futebol inglês. Fundado em 1875, o Birmingham passou metade de sua vida na elite. Em 2011, fez sua última temporada na Premier League. Já são, portanto, 11 temporadas seguidas na Championship.
Curiosamente, o ano da queda também foi o da última conquista. Venceu a Copa da Liga em 2010/2011, ao ganhar do Arsenal na final disputada em Wembley. O projeto de Maxi López é recolocá-lo, claro, na Premier League, onde hoje está com os pés fincados o rival Aston Villa.
E o dinheiro?
Primeiro, que esse negócio mostra o quanto o estão valorizadas nossas SAFs. Segundo o Daily Mirror, o magnata chinês Paul Suen Cho Hung receberá algo em torno de US$ 37 milhões (aproximadamente R$ 200 milhões) pelas ações que tornam os novos donos os principais acionistas. Máxi López, é claro, não desembolsou toda essa grana.
Ele é a cara mais conhecida de um grupo que tem Paul Richardson, empresário do ramo da moda e dono das marcas Hera e Gymshark, e o argentino Christian Codoma, como os investidores. Codoma é dono de uma empresa de capital em Londres e tem escritório em Hong Kong de agenciamento de atletas e intermediação de aquisições de clubes.
Maxi entrará com a expertise no futebol. Colocará à disposição tudo o que aprendeu em mais de 20 anos de carreira em 475 jogos como profissional. Entre eles o Gre-Nal dos 100 anos.
Maxi encerrou a carreira no ano passado, no Sambenedetesse, da Série C italiana, aos 37 anos. Em 2018 e 2019, ele defendeu o Vasco e até se saiu bem. Virou ídolo da torcida. Deixou o clube para voltar à Itália e defender o Crotone. Fez apenas um gol na temporada.
No Sambenedetesse, foram três. Era mesmo a hora de largar. A Itália virou seu endereço depois de trocar o Grêmio pelo Catânia, no final de 2009. Rodou lá por Milan, Sampdoria, Torino e Udinese até retornar ao Brasil. No primeiro ano de aposentado, se aventurou no mundo dos negócios como sócio de Christian Codoma na Maxco Capital.
Aliás, 2021 foi um ano de mudanças para o ex-centroavante. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele pediu a namorada, a sueca Daniela Christiansson, em casamento. Desde a separação de Wanda Nara, em 2013, com quem teve três filhos, o argentino estava solteiro. Agora, é homem casado e de negócios.
A presença de Maxi no consórcio que comprou o Birmingham está longe de surpreender. Faz parte do resultado da primeira leva de jogadores "europeus" endinheirados desta era industrial do futebol. Ronaldo é o mais famoso para nós, pela gestão de dois clubes, o Valladolid, da La Liga, e o Cruzeiro.
Mas a lista tem contemporâneos dele que se aventuram como donos de clubes. Beckham criou o Inter Miami e comprou um lugar na MLS, o que não baixa de US$ 70 milhões. Drogba é sócio do Phoenix Rising, clube pelo qual se aposentou na USL, a segunda liga norte-americana. Ibrahimovic é um dos acionistas do Hammarby, da Suécia.
Piqué se divide entre a zaga do Barcelona e a gestão do Andorra FC, recém promovido à segunda divisão espanhola. No Brasil, o pentacampeão Edmilson fundou o Ska Brasil, clube formador. Juninho Paulista, antes de assumir cargo na CBF, administrava o Ituano, clube hoje na Série B.