A nova etapa do projeto Saudade do Esporte reserva as semanas do mês de julho para relembrar o clássico Gre-Nal, um dos maiores do Brasil. A rivalidade entre Grêmio e Inter completa 111 anos, e GaúchaZH prepara conteúdos especiais sobre grandes duelos que marcaram esta história.
O primeiro deles é o Gre-Nal dos cem anos, que foi válido pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2009. Um jogo que por si só já entraria na lista dos principais entre Grêmio e Inter na história, mas que também carregava outros elementos importantes.
Os cenários nos clubes eram um pouco diferentes. Se por um lado as vitórias recentes do Tricolor embalavam a equipe para o clássico, o Inter, de Tite, sofria pressão pelas derrotas anteriores ao jogo, mesmo que tivesse goleado o Fluminense por 4 a 2 uma rodada antes.
Um duelo entre os dois times é sempre recheado de grandes frases, dessa vez não foi diferente. Ainda que elas tenham ocorrido depois da partida, meio que em tom de provocação ao rival derrotado. Dentro de campo, o Grêmio venceu por 2 a 1, com gols de Souza e Maxi López, dois protagonistas das declarações após um triunfo gremista.
Autor de 17 gols com a camisa tricolor, o argentino ganhava cerca de R$ 240 mil por mês e havia o comentário na torcida de que ele era um investimento alto para um jogador que não entregava tanto. Logo depois do clássico 377, o presidente Duda Kroeff falou sobre o Maxi.
— Aposto que, na cabeça do torcedor, ele se pagou com este gol — disse o mandatário tricolor à época.
Consultado sobre sua declaração, o ex-presidente diz não lembrar sobre a frase, mas voltou a reforçar a importância daquele gol e daquela vitória.
— Foi um gol importante. Ele (Maxi) realmente não foi barato, nos esforçamos bastante para trazer ele. Foi um Gre-Nal muito especial. Não lembro dessa frase, mas ali realmente acredito que ele se pagou. Ele foi bem aqui no Grêmio. O que me marcou mais daquele jogo foi que desci uns minutos antes da partida acabar, quando ia chegando no gramado pelo túnel, a torcida cantava "Vai Chover Pingos de Amor". Marcou muito e me arrepiou no momento — relembra Duda.
O próprio argentino saudou muito aquela vitória, principalmente porque o Grêmio encerrava um jejum de sete clássicos sem vencer.
— Temos de fazer a festa porque merecemos esta vitória. Ela vai nos dar confiança para seguir no campeonato e pensar no título — disse Maxi.
Provocação de Souza
Conhecido em São Paulo por provocar os rivais nos clássicos, o meio-campista, autor do primeiro gol gremista no jogo, não havia tido a oportunidade de fazer isso em Porto Alegre, até porque nunca tinha ganhado um Gre-Nal. Depois que venceu o seu primeiro, no entanto, aproveitou para soltar o verbo.
Souza foi para a coletiva pós-jogo com uma camiseta comemorativa do clássico, recebida de presente de um torcedor, em que um "X" transformava o número 100 no placar do primeiro clássico Gre-Nal: 10 a 0. Com moral da cabeça aos pés, não perdeu a oportunidade de provocar.
— Foi 2 a 1, mas teve gosto de 10 a 0. Entrei para a história. Serei lembrado quando o clássico comemorar 200 anos — disse um entusiasmado Souza à época.
O então camisa 8 do Grêmio resolveu provocar também um, agora, velho conhecido dos Gre-Nais e protagonista de inúmeras frases marcantes nos clássicos. Há um ano em Porto Alegre, D'Alessandro foi alvo de Souza.
— Ainda bem que o D’Alessandro estava em campo. Não queria vencer e depois ter de ouvir que tal jogador não havia atuado — disse o jogador cutucando o argentino do time rival.
Não havia como fugir, naquele dia 19 de julho de 2009, repetindo o primeiro clássico da história, o Grêmio pintava o Gre-Nal de azul, mas com mais emoção e menos gols.