Martín Benítez, 27 anos, virou o centro de um debate na Arena depois do começo vacilante na Série B. Roger Machado resiste em mudar o tripé no meio-campo com o qual estabilizou o time e chegou ao título gaúcho. A direção entende que a falta de gols está ligada diretamente à ausência de um meia com maior capacidade de criação e um jogo mais refinado. Porém, os números de Benítez jogam contra ele nestes primeiros quatro meses de Arena.
Ele fez apenas sete jogos e contabiliza uma única assistência, que foi, na verdade, um escanteio cobrado para Gabriel Silva fazer o gol de empate com o Novo Hamburgo. Ao todo, o argentino soma 308 minutos em campo. Em apenas dois jogos, começou como titular. Em só um atuou os 90 minutos.
O aproveitamento de Benítez com Roger deixa evidente que o argentino não se encaixa nesta ideia de jogo aplicada por ele. O meia precisa ser um volante na fase defensiva e um jogador agudo na ofensiva. Há uma exigência física alta. Tanto que Roger saudou, depois da conquista do Gauchão, a vitalidade e a dinâmica de Bitello.
Benítez é um meia que faz a bola andar em vez de andar com ela. Sem a bola, tem uma recomposição lenta. Nos jogos contra o Aimoré e o Novo Hamburgo, as quais comentei no estádio, percebe-se que Benítez é um meia que recua para construir desde a intermediária. Busca sempre se posicionar pelo lado esquerdo, hoje ocupado por Bitello. Essa, talvez, seja também uma das razões pelas quais só atuou 78 minutos com Roger. Mas não é a principal. Para Roger, o meio-campista precisa ser um jogador ativo e intenso. O que Benítez, nas passagens por Vasco e São Paulo, mostrou não ser.