A ameaça uruguaia ficou no domingo de Montevidéu, mas segue à espreita. Óscar Tabárez seguirá no comando da seleção para a data Fifa de novembro, a última do ano. O discurso na AUF é de que o contrato será cumprido até o final das Eliminatórias e terá renovação automática para a Copa de 2022, em caso de confirmação da vaga. Porém, Tabárez terá pela frente dois jogos duríssimos, contra Argentina, no Campeón del Siglo, a casa nova do Peñarol, e a Bolívia, nos 3,6 mil metros de La Paz. Precisa de resultados.
O cálculo na AUF é de que com 10 a 12 pontos a seleção fica em terceiro ou quarto e leva vaga direta. Ainda restam 18 pontos a serem disputados. Ou seja, tropeços na próxima rodada dupla das Eliminatórias podem fazer com que Diego Aguirre volte à mira da Celeste.
A reunião que definiu a permanência de Tabárez serviu como uma espécie de acerto de contas. O "Maestro", como é chamado, não é um técnico, mas uma instituição. Foi o seu trabalho de reconstrução, iniciado em março de 2006, que recolocou o Uruguai entre as grandes seleções outra vez. Tabárez não treinou a Celeste, ele resgatou o futebol uruguaio de um inverno e o colocou de volta nas Copas. Com o brilho do quarto lugar de 2010 e do quinto de 2018, além da Copa América de 2011.
Tudo isso fez com que ganhasse superpoderes. A reunião de sábado abriu para que os dirigentes tratassem com ele de temas como plano de jogo e convocações, algo que Tabárez decidia sem discutir com ninguém de fora do seu círculo de confiança da comissão técnica. Ele também cobrou e foi cobrado por erros de logística. A roupa suja foi lavada.
Todos ouviram e Tabárez saiu fortalecido desse que foi seu quarto e mais forte abalo sísmico no cargo. Porém, os resultados precisam vir. Ou o Inter ouvirá, na reta final o Brasileirão, nome de Aguirre soar forte nas margens do Rio da Prata.