A espiral negativa do Grêmio ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (30). Surpreendente. O volante Maicon encerrou sua passagem de sete temporadas pelo clube. Fim de ciclos e encerramentos de contratos são comuns numa relação entre jogador e clube de futebol. Porém, neste caso, não se trata de qualquer jogador. Assim como não se trata de um clube que esteja navegando em águas tranquilas.
Acertar a saída de uma liderança com o peso de Maicon sinaliza que o ambiente interno está convulsionado pelos resultados ruins que se sucedem. O momento recomenda que se segure nas mãos firmes dos líderes do grupo, principalmente, aqueles mais rodados e com histórico de conquistas. Mas algo se rompeu nessa relação entre Grêmio e Maicon. Tanto que, nesta segunda-feira, a conversa entre eles acabou em acordo de separação.
Numa conversa com a coluna, o empresário de Maicon, Jorge Machado, revelou que seu telefone tocou cedo da manhã. Era o volante, já no Rio para aproveitar a folga. A conversa entre eles fluiu.
— Era um papo de amigo — definiu Machado.
No meio dessa conversa, Maicon relatou o desejo de rescindir. Perguntou ao agente o que achava dessa ideia. Em seguida, pediu que ele visse essa possibilidade com a direção. Maicon estava chateado com a situação vivida no clube e pelo clube.
Os episódios de sábado (28) bateram fundo. Ele se descontrolou, saiu do eixo. Foi expulso depois do gol. Em súmula, o árbitro Ricardo Marques Ribeiro relatou que o volante o teria ofendido com palavrões e acertou-lhe um tapa no braço, tendo de ser contido por outros jogadores. Na saída de campo, nervoso, respondeu aos gritos um comentário de Felipão, dizendo que Ribeiro sempre prejudicava o Grêmio e que era ele quem sempre tinha de reclamar.
O relato em súmula deve pesar contra Maicon no julgamento no STJD. Há o risco de uma punição pesada. Isso talvez tenha contribuído para que o volante colocasse ponto final em uma onda de estresse que começava a afogá-lo. As lesões sucessivas, as dificuldades para performar em alto nível e a recuperação cada vez mais lenta de treinos e jogos minaram a cabeça do volante.
Mas, neste momento, talvez o melhor para ele e o Grêmio fosse uma trégua. Alguns dias de descanso a mais, uma conversa mais amena. Mas não foi esse o caminho. A ideia apresentada por Maicon e levada por Machado aos dirigentes ganhou corpo e tomou o caminho de um fim de relacionamento.
Clube e jogador concluíram que era o momento de encerrar o contrato. Não era o momento adequado para isso. Porém, assim será. Maicon seguirá seu caminho, e o Grêmio tentará, neste processo de reformulação a que se submete, buscar novas lideranças que ajudem Felipão a encontrar a saída dessa espiral negativa em que está metido o time.