Miguel Ángel Ramírez completou contra o Deportivo Táchira o seu nono jogo na beira do campo – o décimo se contarmos aquele contra o Caxias, em que ficou na arquibancada (até pulou o muro para passar orientações ao auxiliar, o que não conta nas estatísticas). O fato é que o espanhol repete um roteiro já escrito aqui pelos dois últimos técnicos estrangeiros do Inter.

Diego Aguirre, em 2015, levou oito jogos para mostrar um time competitivo e com futebol de bom nível. O que só se viu na segunda rodada da Libertadores, no 3 a 1 sobre a Universidad de Chile. A afirmação, no entanto, ainda levaria mais oito jogos, contra chilenos, em Santiago.

Foi um 4 a 0 em que o Inter atropelou o adversário. Com Eduardo Coudet, o time já mostrava desde a primeiro partida a ideia de jogo muito clara do técnico, de pressão na saída de bola, com marcação alta, e transições muito rápidas. Porém, nos dois mata-matas da Pré-Libertadores, havia uma precaução defensiva, simbolizada no dueto Musto-Lindoso no meio-campo. Garantida a vaga, Coudet desatou o time.

O 3 a 0 na Universidad Católica, na estreia na fase de grupos, foi o 12º compromisso da temporada e o sinal de que o trabalho estava no caminho certo. O Gre-Nal da América, o 14º jogo do ano, foi uma das melhores atuações do Inter na Era Coudet.

Todo esse resgate da largada dos dois estrangeiros anteriores a Ramírez mostra o quanto é preciso dar tempo para que um time comece a se formar. O espanhol veio com uma ideia nova e conceitos que recém começam a ser absorvidos. Por vezes, a ansiedade ou a falta de compreensão das ideias de um treinador traz análises apressadas. O fato é que o Inter começa a trilhar um caminho promissor.

Nesses nove jogos da Era Ramírez, o aproveitamento é de 70% (19 em 27 pontos), 20 gols marcados e cinco sofridos. A média de posse de bola é de 65%, conforme o Sofascore, que aponta ainda um gol marcado a cada 6,7. A defesa também tem bons números, com um gol a cada 18 chutes. É preciso dar, claro, o desconto pelo nível de boa parte dos adversários. Mas é fato que já se percebe uma evolução.