O Bayern de Munique jogou à meia carga e ganhou o Mundial de Clubes. Jogou sem Muller, sem Goretzka, sem Boateng e sem Javi Martínez. Ainda assim, ganhou e mostrou que há um oceano intransponível entre Europa e América.
O Tigres, que mastigou o Palmeiras na semifinal, é um bom time, bem treinado, com trabalho de longo prazo do técnico Tuca Ferreti e ancorado no dinheiro da segunda maior cimenteira do mundo. Jogou tudo o que podia e, mesmo assim, perdeu para um Bayern que parecia bocejar em campo.
Confesso, foi irritante ver os alemães nesta final. Porque eles jogaram a final do Mundial como se estivessem passeando e ganharam de um adversário que deixou até a última gota de suor no campo. Comemoraram de forma tímida o título, quase olhando para o relógio, pensando no voo de volta para casa. Para o mundo deles, a Europa. Que, com o andar deste século, virou outro mundo quando falamos de futebol.
Faz oito anos que os europeus ganham o Mundial. O Corinthians, em 2012, foi o último sul-americano a vencer. Desde que o Mundial adotou esse formato, o placar está 13 a 4 para eles – e nesse quatro incluímos o título de 2000, do Corinthians, naquele torneio teste da Fifa no Rio.
Nesta edição, nem na final chegamos. O Palmeiras fez a pior campanha de um campeão da América e acabou em quarto lugar. Não alcançaremos mais os europeus. Eles têm a festa deles. É exclusiva. O que podemos fazer é diminuir a distância entre esses mundos distantes.
No caso do Brasil, é urgente reorganizar calendários, rever a gestão dos clubes, buscar interesses comuns, encontrar novas formas de receitas e deixar de depender apenas da venda de jogadores. Urge também uma mudança na lei. Não pode um clube lapidar um garoto desde os 10, 11 anos e virar refém dele e de seu agente quando ele faz 16. O primeiro contrato profissional não pode durar só três anos.
Vamos ficar ricos como os europeus com mudanças como essas? Não, isso é impossível em um cenário de crise e quando a moeda deles vale seis vezes mais do que a nossa. Mas podemos deixar de ser tão pobres.
Quem sabe com mais organização, menos jogos por ano, planejamento estratégico e jovens valores por mais tempo entre nós, comecemos a encurtar a distância entre a América e a Europa. Para eles, hoje, ela é curta. Basta ter uma mala de euros para que batam em nossa porta.