Em novembro de 2012, Celso Roth buscou na base um meia habilidoso e de bom arremate para integrar no grupo principal. Em jogo no Maracanã, Alisson entrou no segundo tempo de uma partida contra o Fluminense. Substituiu Montillo, à época a referência técnica do time. Semanas depois, Alisson ajudava o Cruzeiro a ganhar o Brasileirão Sub-20 em Porto Alegre, com gol na final sobre o Inter, no Passo D'Areia.
No ano seguinte, o meia teve passagem rápida pelo Vasco, como parte do pagamento por Dedé, e voltou ao Cruzeiro a tempo de campeão brasileiro sob o comando de Marcelo Oliveira. Em 2015, chegou formar um trio de meias com Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. Oito anos depois, Alisson deixou de ser o jogador agudo e insinuante que encantava Marcelo Oliveira no Cruzeiro para virar uma peça tática fundamental de Renato.
A mudança começou aqui na Arena. Primeiro, de lado. Como a esquerda era de Everton Cebolinha, ele passou atuar pela direita. Depois, agregou tarefas. Naquele Cruzeiro multicampeão, ele já se destacava pelo empenho e pela entrega em campo. Porém, chamava mais a atenção por ser vertical e insinuante com a bola, partindo para cima dos adversários — quase um Ferreirinha dos dias atuais. Tanto que passou por muitos problemas de lesão, provocadas pelas pancadas dos marcadores.
Mais maduro, aos 27 anos, Alisson virou um jogador que os ingleses costumam chamar de "box-to-box". Ou seja, aquele que atua de área a área, em um híbrido de meia de marcação e criação. Só que pelo lado. Sua disposição para fechar espaços e ainda chegar à frente virou o grande trunfo de Renato para a decisão de quarta-feira (30), no Morumbi. Será preciso fechar espaços e marcar o São Paulo em seu setor mais movediço e criativo. Por isso, a atuação de Alisson no domingo (27), depois de mais de 60 dias afastado, foi comemorada. Trata-se de um reforço com ares de presente de Natal para Renato.
Pela direita
A lateral direita parece ser o calcanhar de Aquiles do Grêmio nestes momentos de decisão. Em 2019, Léo Gomes sofreu na semifinal da Copa do Brasil a séria lesão que ainda o deixa de fora do time. Na semifinal da Libertadores, como Léo Moura e Galhardo não davam garantia de que poderiam segurar Bruno Henrique, Renato improvisou Paulo Miranda. Não obteve o resultado esperado, como conta a história. Tanto que no pacote de reformas o Grêmio não buscou um, mas dois laterais-direitos com condições de solucionar os problemas na posição.
Agora, às vésperas da decisão com o São Paulo por vaga na final da Copa do Brasil, o lado direito volta a preocupar. Orejuela sofreu lesão muscular contra o Santos, nas quartas da Libertadores, e só volta em 2021. No jogo de ida contra o São Paulo, na Arena, foi Victor Ferraz quem saiu com problema muscular. Outra vez, o nome de Paulo Miranda volta a ser cogitado. Embora, o multifuncional Thaciano esteja na frente em caso de emergência naquele lado da defesa. Seria mais uma improvisação na hora decisiva. O que recomenda, quem sabe, que se plante uns pés de arruda na lateral da Arena. Mal não irá fazer.
Brenner
Entre tantos jogadores que precisam de vigilância especial no São Paulo, um deles vive um ano especial. Brenner, 20 anos, enfim, vive o momento dourado que se projetava para ele em 2017, quando foi promovido aos 17 anos, direto do juvenil para o profissional. Pode-se dizer que o sucesso do centroavante tem a mão de Fernando Diniz.
Em 2017, sem clube, Diniz costumava frequentar os treinos no CT da Barra Funda, a convite de Dorival Júnior. Era tão assíduo que chegou a ganhar status de "auxiliar" informal. Foi nessa época que Brenner, promovido por Rogério Ceni meses antes, encantou o técnico. Em 2018, veio Diego Aguirre, e o espaço no grupo ficou menor. Tanto que Diego Lugano, espécie de padrinho do guri, precisou convencê-lo a topar ganhar rodagem no sub-23.
Quando chegou ao Fluminense, em 2019, Diniz pediu a contratação de Brenner. Ele foi por empréstimo, mas acabou no ostracismo depois que o técnico acabou demitido. Os dois voltaram a se encontrar em janeiro deste ano no São Paulo. Diniz avisou a direção que contava com o guri, tratado como joia que não havia se confirmado. O resultado está escancarado em gols. São 22 na temporada, sendo só a metade deles no Brasileirão. Ou seja, todo o cuidado é pouco com Brenner.