Há uma pressa generalizada no uso dos guris no time principal. Está longe de ser algo exclusivo nosso. Creio que no futebol brasileiro esteja presente no DNA de todos os torcedores. Por sermos formadores e, na grande maioria dos clubes, por não contarmos com o cofre abarrotado de dinheiro. Assim, o jogador surgido na base desponta como a novidade que traz, junto, uma relação afetiva com o clube.
Só que o torcedor se esquece do tempo. Que é o mesmo para todos, sem andar mais rápido para uma camisa ou outra. O caso do Inter, para mim, é exemplar, de estudar em curso de gestão de futebol. O clube reestruturou a base, dilapidada na gestão 2015/2016. Garimpou talentos como Praxedes, Zé Gabriel e Nonato, para citar os mais conhecidos. Decidiu, a partir deste ano, que anteciparia a promoção da gurizada. Quem tivesse talento acima da média, subiria. Praxedes, por exemplo, se apresentou a Eduardo Coudet dias depois de comemorar 18 anos. Mesma idade de Johnny e Peglow.
Aí entra a questão do tempo. Os três, mesmo que tenham altas qualidades, precisam vencer etapas necessárias nessa transição de sub-20 para o profissional. Heitor, por exemplo. Surgiu bem em 2019, oscilou e até se deslumbrou com a vida de atleta do Inter. É comum isso acontecer. Mudam ambiente, rotina, visibilidade, carga de treino e, principalmente, cobrança. Um cenário é jogar partidas da base, com pais e empresários acompanhando. Outro é atuar sob a mira da torcida e da mídia.
Por isso, o tempo não pode ser ignorado nessa passagem desses guris. Todo o cuidado é pouco com eles. Até para que não carreguem o fardo de resolver os problemas de um clube inteiro.