A decisão de acabar com o Inter B é o somatório de algumas convicções no Beira-Rio. A primeira é de que o sub-23, criado em 2007, entregou poucos jogadores de relevo para o time principal, com aquele perfil de nomes que chegam para serem lapidados na antessala dos profissionais. Dirigentes citam Moledo, Damião e Oscar, esse uma joia que desceu no Beira-Rio depois de litígio com o São Paulo. Ricardo Goulart e Lucas Lima, pouco aproveitados no Beira-Rio, também passaram pelo time sub-23.
A segunda razão é a mudança na estratégia, a partir de indicações feitas pela Double Pass, a consultoria belga contratada pelo Inter para iluminar caminhos em suas categorias de base. Estudos trazidos por ela apontam a tendência no mercado de promover jogadores cada vez mais jovens. O Inter B, por vezes, era um estágio que atrasava a subida de jovens talentos. Servia como uma tangente para técnicos, pouco pacientes em trabalhar com jovens talentos, os acomodarem no sub-23. E o espaço que deveria ser deles acabava ocupado por jogadores já formados, que vinham geralmente como alternativas no grupo.
O vice de futebol Alessandro Barcellos só anunciou nesta terça-feira (17) a extinção do time B. Mas os movimentos deste início de temporada dão conta de que o projeto já estava em execução. O Inter emprestou alguns campeões brasileiros sub-23 com mais de 20 anos, como Pedro Lucas, e não renovou com aqueles cujos contratos expiravam, caso do zagueiro Fábio Alemão. Por outro lado, o clube promoveu neste ano Carlos Eduardo, Pedro Henrique e Johnny, todos nascidos em 2001, e Peglow e Praxedes, de 2002. O grupo já contava com os laterais Erik e Heitor, categoria 2001.
Uma terceira questão que motivou o fim do time B é o alto custo para mantê-lo. O Inter gastou nas últimas temporadas entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões com folha salarial dos jogadores e da comissão técnica e logística para disputar a Copa FGF e o Brasileirão de Aspirantes, do qual foi finalista nas três edições, sendo bicampeão.
Do grupo campeão em 2019, seguem no Beira-Rio o goleiro Lucas, o lateral Leandro Córdova e o volante Juliano Fabro, que chegou a ser inscrito no Gauchão e cedeu lugar para Gustagol. O futuro deles ainda será definido. O fechamento do time B culminou nas demissões do técnico Ricardo Colbachini, do preparador André Volpi e do treinador de goleiros Giuliano Roxo.