O goleador do Grêmio no Brasileirão de Aspirantes peregrinou até conquistar um espaço. Hoje com 21 anos, Aldemir dos Santos Ferreira, o Ferreira, esteva a ponto de desistir do sonho de ser jogador. Em 2015, quando desembarcou em Porto Alegre com Reinaldo, um amigo de infância, para uma peneira no clube gaúcho, havia decretado que seria a última. Haviam batido de porta em porta atrás de uma chance e voltavam sempre para Dourados (MS) desapontados. Por isso, avisou o amigo:
— Vou lá em Porto Alegre para ver o que acontece. Se não passar, vou terminar os estudos e procurar um trabalho aqui.
Ferreira passou e ficou no sub-17. Reinaldo, hoje, divide-se entre o emprego e a várzea em Dourados. O destino que Ferreira driblou e que, agora, com gol, ganha novos rumos. Suspenso, está fora do primeiro Gre-Nal da final do Brasileirão de Aspirantes. Com 10 gols e artilheiro da competição, é o nome deste Grêmio. Confira o nosso bate-papo.
Até chegar a esse momento no Grêmio, você rodou bastante, por empréstimo. A concorrência era tão dura assim?
Sim. Em 2016 joguei a Divisão de Acesso pelo São Luiz. Só fiquei de fora de dois jogos. Voltei ao sub-20 do Grêmio e, em 2018, passei por Toledo e Cianorte. Fui uma das revelações do Paranaense pelo Toledo. Teve até matéria no Globo Esporte. Neste ano, fui emprestado ao Aimoré, para o Gauchão. Mas tinha uma fascite plantar e mal joguei. Voltei para tratar no Grêmio e fiquei no time de transição.
Quem é da tua geração?
Peguei o Jean Pyerre, o Patrick, o Pepê. Achei que teria chance em 2018. Em 2017, no final do ano, em novembro, fomos jogar um torneio na China com o sub-20. Fui artilheiro, com quatro gols em três jogos, estava com expectativa de ser integrado ao profissional.
Mas, no domingo, seu dia chegou, com a estreia pelo time principal, no Maracanã.
Foi demais. Está sendo um ano para ascender na carreira, um ano espetacular. Estamos na final dos Aspirantes, sou o artilheiro e estreei no profissional. Acredito que agradei, disseram que fui bem.
Como é estrear no Maracanã?
Foi a realização do sonho da minha vida. O cara fica até... (Ferreira se emociona) Não tem o que falar, o cara trabalha demais e chega o momento em que você é visto. Você se sente recompensado (se emociona outra vez). Sente-se orgulhoso.
E a sensação de estar no grupo principal, qual foi?
Foi minha primeira viagem com o profissional e acabei estreando. Quando o Renato me chamou, pensei: "É agora!". Na verdade, no dia em que viajei e na concentração no hotel nem pensei que o jogo era contra o Fluminense, que seria pelo Brasileirão e no Maracanã. Só caiu a ficha no domingo à noite, quando desembarquei e fui direto para o hotel concentrar para o jogo contra o Caxias, no dia seguinte, pela Copa Seu Verardi.
Só que teve o batismo, que custou a cabeça raspada. Você já sabia que tinha isso?
(Risos) Foi a parte triste, mas por uma boa causa. Você encara com alegria porque é um momento especial na sua vida (estrear no time principal). Quem deu a ordem foi o Maicon. Ele falou no vestiário que, se viajássemos, era para batizar (risos). Era para os guris que estavam lá, o Pepê, o Rodrigues, sarrafar.
Pelas fotos antes do corte, você era vaidoso com o cabelo.
Eu tinha o cabelo todo ajeitado, mas faz parte. Isso é o de menos.
Você rodou bastante por clubes do Interior. O que isso trouxe de aprendizado?
Tudo tem um propósito. Se eu tivesse subido antes para o profissional, talvez não estivesse pronto e, hoje, estaria atuando em algum desses clubes pequenos pelos quais passei. Não teria aprendido a lidar com as dificuldades. Hoje, dou valor ao que o Grêmio pode oferecer.
De onde o seu pai tirou o nome Aldemir?
Ele me batizou com o nome dele. Se homenageou, pode isso?
Para encerrar, pode descrever à torcida quem é o Ferreira?
Tenho 21 anos e 1m75cm. Sou mais atacante pelo lado, faço a função que hoje o Everton executa, de também voltar para marcar.