O WhatsApp de Bolívar já recebeu a primeira mensagem vinda do Beira-Rio na segunda-feira (18). Era de D'Alessandro, amigo de longa data e companheiro nas conquistas da Copa Sul-Americana e da Libertadores. Na quarta-feira (20), se o argentino jogar, é claro, os dois estarão em lados opostos. Mas a provocação chegou antes.
— Não vem com graça — brincou D'Alessandro.
Bolívar se prepara faz um tempo para pisar no Beira-Rio pela primeira vez como técnico. Classificado com o Novo Hamburgo para as quartas e com boa campanha no Gauchão, ele conversou com a coluna.
Como está sendo o primeiro Gauchão como técnico?
Bacana, o que me deixa muito satisfeito. Sabia que seria um desafio diferente do que foi no Mato Grosso (treinou o União Rondonópolis). O Gauchão te coloca mais perto da mídia, das pessoas que te acompanharam como atleta e agora o te veem neste início de carreira, como técnico. O trabalho sendo bom, a visibilidade é maior ainda.
Você esperava estar classificado com uma rodada de antecipação?
O primeiro objetivo, meu e do Patrício (ex-lateral e auxiliar técnico) era avançar às quartas. Sabíamos que nosso grupo de jogadores tinha essa condição. Unimos campeões de 2017, como Amaral, Preto e Juninho, a nomes buscados por nós que tinham a característica do Gauchão. Eram jogadores com os quais sabíamos lidar. Aliás, a transparência com eles sempre foi a maior possível. Isso se reflete no campo, o rendimento nos jogos é muito bom, quem entra mantém o nível.
Como funciona a rotina do técnico Bolívar? É muito diferente daquela de atleta?
Acordo ainda mais cedo (risos). Quando o treino é pela manhã, antes das 7h estou na BR-116. Chego ao Estádio do Vale uma hora e meia antes de se iniciar o trabalho, para montarmos o treino. Se são dois turnos, me estendo até as 19h, sei que não adianta sair antes por causa do trânsito. Estou me sentindo muito à vontade. Temos uma comissão montada e um ambiente excelente. Procuro conduzir tudo da mesma maneira de quando era atleta.
Você mencionou a montagem do grupo. Me conta como foi feita? De onde conhecia jogadores, como o paraguaio Bustamante, um dos destaques do Gauchão?
Esse cara jogou com o Amaral, nosso volante, e o William Schuster, meia, no 3 de Febrero. Procurávamos extremas, e eles falaram do Bustamente. Enviaram alguns vídeos, que nos agradaram. Quando ele chegou, vimos nos primeiros trabalhos a sua qualidade. Ele foi de seleção de base do Paraguai, é rápido e habilidoso. Há muitos clubes atrás dele já. Outro exemplo é o Gustavo, goleiro. Foi formado no Vitória e teve convocações para seleções brasileiras de base. O Luiz Gustavo, zagueiro. jogou no São José, e o Falcão o levou para o Sport. O Leandro Cearense, centroavante, jogou no Paysandu e no Exterior. Nosso time é muito experiente, não vai se assustar no Beira-Rio.
Falando em Beira-Rio, como será sua primeira vez como técnico contra o f?
Estou bem ansioso. Mas também bem feliz. Quando saiu a tabela, sabia que não podíamos chegar na última rodada para decidir algo contra o Inter. Será legal voltar, encontrar as pessoas que gostam de mim. O D'Alessandro já mandou mensagem hoje, avisando: "Não vem com graça". Creio que o torcedor também ficará feliz em me rever.