A manifestação de D'Alessandro, estrategicamente escolhido para falar no dia do aniversário do clube, comprova o quanto o Inter tropeçou na soberba em um passado recente até se desmontar e cair. O primeiro passo para cumprir o caminho de volta parece ter sido dado. O Inter, através da voz do seu capitão, se exibe vestido novamente da humildade que sempre foi uma de suas marcas registradas – e isso se estende também ao torcedor.
A soberba que pautou comportamentos no clube até a queda para a Segunda Divisão se explica pelo excesso de títulos. O Inter, depois de atravessar de forma cinzenta os Anos 1990, começou o novo século se empaturrando de títulos. Só Libertadores ganhou duas em quatro anos, tendo uma Sul-Americana no intervalo, além de duas Recopas. Reinou soberano no âmbito regional e beliscou o Brasileirão duas vezes. Tudo isso inflou o peito e encheu de orgulho o contexto vermelho. Mas algo se perdeu nesse meio tempo, talvez a essência do clube.
D'Alessandro veio a público preparar a torcida para o primeiro Brasileirão depois de passar pelo calvário da Série B. Faz bem em alertar que os tempos são outros e há riscos de que sejam mais bicudos do que os colorados se acostumaram a viver até a semifinal da Libertadores 2015 – e depois dela tudo começou a descambar. Ao alertar os colorados de que "o Inter não é o Inter dos últimos anos em que mandava no jogo e que com 20 minutos estava ganhando", ele convoca todos a se arregimentarem na reconstrução do clube.
O Inter dos 109 anos de vida atravessou o pior momento da sua história. A atual gestão assumiu a tarefa de limpar o terreno e recomeçar. Colocar tudo em ordem leva tempo e, por isso, D'Alessandro admitiu que "todos precisam entender que é preciso trabalhar mais". Uma clara prova de que a humildade voltou a pautar as ações no Beira-Rio. E isso se fazia necessário demais.