O Mundial começa para o Grêmio neste sábado, às 11h. No Zayed Sports City, em Abu Dhabi, Pachuca e Wydad Casablanca jogam pelo passe à semifinal contra o clube gaúcho.
Os mexicanos chegam embalados pelo dinheiro do seu dono, um grupo que administra outros dois clubes no México, o Talleres, da Argentina, e o Everton, do Chile. O marroquino Wydad, por sua vez, tem como trunfo o futebol de velocidade e força do Norte da África.
Com a colaboração do analista de desempenho Gustavo Fogaça e do repórter Omar Chraibi, do canal Hesport, de Casablanca, esquadrinhamos os candidatos a desafiante do Grêmio na terça-feira. Confira.
– Gaúcha ZH acompanha o jogo em tempo real.
– A Rádio Gaúcha abre a jornada às 10h30min.
– Os canais SporTV e Fox Sports anunciam transmissão
Pachuca
O esquema
Diego Alonso transita entre o 4-4-2 e o 4-2-3-1. Geralmente, o jogador que muda essa formação é Keisuke Honda. Ele pode atuar tanto aberto e mais avançado pela direita quanto mais recuado, como meia em um sistema de losango. É o que deve acontecer neste sábado, com a decisão de Diego Alonso de colocar o velocista chileno Sagal no lugar do centroavante argentino Jara.
Assim, o meio-campo deve contar com Hernández na frente da área, Honda, pela direita, e Aguirre, pela esquerda, e mais à frente estará Victor Guzmán, que usa a camisa 5, mas é o articulador do Pachuca. Honda, 31 anos, já não tem a velocidade como um dos pontos fortes, mas compensa com precisão nos passes e, principalmente, nos chutes.
Na frente, Sagal atua aberto pela esquerda e o uruguaio Urretaviscaya pela direita. Eles trocam de posição e abrem espaços para as infiltrações de Guzmán, Aguirre e do agudo lateral-direito Shaggy Martínez.
O organizador
Victor "Pocho" Guzmán, 22 anos, era um volante reserva no primeiro semestre. Até que entrou durante a partida na final do Clausura 2017 e mudou sua vida. Fez o gol do título contra o Monterrey, de cabeça, ganhou lugar de vez no time e passou a jogar mais avançado. No Apertura 2017, fez oito gols, todos eles de dentro da área.
Guzmán é canhoto, mas não se aperta se a bola cair no pé direito. Também tem boa presença de área, apesar do 1m75cm. E dizer que o Atlas o dispensou nas categorias de base por ser baixinho. Guzmán é meia de presença de área, mas também de fazer o time andar. No Apertura da Liga MX, deu apenas uma assistência, mas 557 passes, com aproveitamento de 81%.
A defesa
É o grande problema do Pachuca. Aliás, é um problema comum nos clubes mexicanos. A recomposição do Pachuca é lenta. Por vezes, o volante Hernández, que não tem na velocidade a sua virtude, precisa segurar as pontas sozinho no meio-campo e acaba batido. Os zagueiros Murillo, colombiano, e Herrera, mexicano, são mais de posicionamento. Ou seja, o adversário de transição rápida, quase sempre, chega em via expressa até o goleiro Óscar Pérez.
Esse, aliás, é um capítulo à parte. Tem 44 anos, 1m72cm e três Copas do Mundo no currículo, como reserva. Tem o peculiar estilo dos goleiros mexicanos das antigas. Tecnicamente, tem qualidade, mas chama mais a atenção pelas defesas acrobáticas. No Apertura da Liga MX, houve jogos em que o reserva Alfonso Blanco atuou. O que parece ser espécie de passagem de cargo. Pérez se aposentará depois do Mundial de Clubes.
As ausências
Diego Alonso perdeu dois jogadores importantes para a estreia no Mundial de Clubes. Um deles, o extrema esquerda chileno Edson Puch, viajou com a delegação para Abu Dhabi, mas exames confirmaram que a lesão sofrida no joelho no início de outubro requer mais tempo de recuperação. Puch, que enfrentou o Grêmio na Libertadores 2016 pela LDU e rodou pela América do Sul, possivelmente seria titular com esse esquema adotado por Alonso, com dois atacantes. Em seu lugar ficará com o compatriota Sagal.
Outra ausência neste sábado é a do volante Erick Gutiérrez, espécie de Arthur do Pachuca. Volante, 22 anos, ele também sofreu lesão nos ligamentos do tornozelo na última partida do Apertura, no dia 17. Ao contrário de Arhur, no entanto, a lesão foi parcial, e ele corre contra o tempo para estar de volta numa possível semifinal. Gutiérrez estava figurando na seleção de Juan Carlos Osório, mas ficou de fora da última lista. Ele será substituído neste sábado por Erick Aguirre, de 20 anos.
Wydad Casablanca
Forte na defesa
O Wydad Casablanca segue o estilo dos clubes do norte da África, ou seja, aqueles de origem árabe, como o próprio Marrocos, a Argélia, o Egito e a Tunísia. São equipes com menos técnica do que os países da porção central e sul da África, mas com muito mais disciplina tática e um jogo baseado na marcação e na velocidade. Esse Wydad é um bom modelo disso.
O técnico Houssein Amotta, um marroquino de 48 anos, é reconhecido no país como um técnico de conceitos mais defensivos. Seu time joga em um 4-3-3 que vira um 4-5-1 quando atacado. Apenas o centroavante Bencharki tem permissão para cercar. Todos os demais marcam com força. Os volantes Brahim Nakach, 35 anos, e Salaheddine Saidi, 33, são os cães de guarda da defesa. Nakach é o grande líder e o capitão da equipe.
O centroavante
Achraf Bencharki, o camisa 17, foi decisivo a partir das semifinais e ganhou tanta notoriedade que clubes franceses bateram na porta do Wydad. O poderoso Borussia Dortmund o colocou em seu radar. Não é para menos. Aos 22 anos, ele está entre os finalistas do prêmio de melhor jogador em atividade na África na temporada. Também é figura da seleção nacional.
Sua projeção, no entanto, coincidiu com a fratura sofrida pelo centroavante Mohammed Ounnajem nas quartas de final. A ausência do goleador, que está nos Emirados Árabes Unidos com delegação e ainda tem esperanças de jogar, permitiu a Bencharki jogar como gosta, mais posicionado e perto do gol. Foi assim que ele fez o gol no jogo de ida da final, com 86 mil torcedores do Al Ahly em Alexandria, e deu o passe para El Karti fazer o da vitória no jogo de ida.
O armador
Os holofotes ficam em Bencharki, mas o condutor desse Wydad é Walid El Karti, o camisa 18. Pela definição do repórter Omar Chraibi, do canal de TV marroquino Hesport, ele é o "maestro". É dele a missão de fazer a equipe andar.
El Karti atua de área a área. Fecha os espaços na defesa e ajuda a compor a linha de cinco quando o Wydad é atacado. Com a bola, aciona os extremas Abdeladim Khadrouf, camisa 26, e Ismail El Haddad, o camisa 11, outro dos selecionáveis do clube.
El Karti também marca presença na área e faz gols, como o do título da Liga dos Campeões da África. Ele e Bencharki formam a dupla responsável por desequilibrar a favor do Wydad. Os cinco gols da semifinal e da final da conquista continental saíram dos pés deles.
Sem perder
O Wydad não sabe o que é perder desde 17 de setembro. A última derrota foi para o Mamelodi Sundowns, da África do Sul, no jogo de ida das quartas de final da Liga dos Campeões da África – no de volta, devolveu o 1 a 0 e venceu nos pênaltis. Desde lá, são 10 partidas invicto, com cinco vitórias e cinco empates.
A força defensiva do Wydad fica evidente nos apenas cinco gols sofridos. O ataque funcionou bem. Foram 15 gols marcados, sendo cinco deles em apenas um jogo, no 5 a 0 sobre o Khourigba, 13º entre 16 clubes da Liga Botola, como é batizado o campeonato marroquino. Aliás, nessa competição, o Wydad teve jogos postergados para que se concentrasse no Mundial. Em sete jogos, fez 12 pontos e ocupa a sétima colocação – o líder tem 19 pontos em 10 partidas.