O Wydad Casablanca, que chegou ao Mundial de Clubes após vencer a Liga dos Campeões da África, enfrenta o Pachuca nas quartas de final do torneio nos Emirados Árabes Unidos.
Se vencerem, os marroquinos enfrentam o Grêmio na semifinal. Conheça sete curiosidades sobre o clube:
Origem política
A África estará representada por um clube de massa, com uma torcida fundida no desafio ao poder central francês. O Wydad Casablanca surgiu nos anos 1930 como forma de disseminar os ideais muçulmanos e se tornou uma das grandes potências do futebol marroquino. Aliás, a resistência está no DNA dos clubes de Casablanca. O Raja, aquele mesmo que tirou o Atlético-MG do Mundial de Clubes em 2013 e acabou como vice-campeão, ao perder na final para o Bayern, de Pep Guardiola, nasceu como um símbolo dos nacionalistas, dispostos a deixar de ser colônia francesa.
O craque
O meia-atacante Achraf Bencharki, 23 anos, é o jogador a ser observado de perto neste time do Wydad. Ele ajudou a seleção a garantir vaga uma Copa do Mundo depois de 20 anos e desequilibrou para o seu clube na reta final da Liga dos Campeões da África. Ao todo, fez cinco gols na campanha do título. No jogo de ida contra o Al Ahly, marcou o gol do 1 a 1. Na partida de volta, deu o passe para que El Karti fizesse o gol do título. Na semifinal, contra o o USM Argel, Bencharki havia feito dois e dado o passe para mais um gol. Não à toa ele está entre os finalistas ao prêmio de melhor jogador em atividade no continente em 2017 e foi sondado por dois clubes franceses da Ligue 1, a primeira divisão do país de Zidane.
O clássico dos mosaicos
O clássico entre Wydad x Raja está entre os de maior rivalidade no mundo. A temperatura e o fanatismo se comparam aos dos turcos Fenerbahçe e Galatasaray ou aos dos argentinos Boca e River; A torcida do Wydad, a porção vermelha da cidade, mostrou sua força na final da Liga dos Campeões da África. Contra o Al Ahly, do Egito, eram 60 mil pessoas no Estádio Mohamed V. Como havia empatado em 1 a 1 no jogo de ida, precisava só confirmar em casa. Foi que fez, ao vencer por 1 a 0. A rivalidade entre os dois grandes de Casablanca, é medida em cantos a plenos pulmões e em mosaicos de tirar o fôlego dos forasteiros. A cada clássico, o desafio é ousar na coreografia. Raja e Wydad disputam com o Fak Rabat, time da Capital, o posto de clubes mais populares do país.
Longa fila
Atual campeão nacional, o Wydad voltou a ganhar a Liga dos Campeões depois de 28 anos. O clube é o maior campeão nacional, com 14 títulos, mas vivia sob a sombra do Raja, tricampeão africano, no cenário internacional. Ainda mais depois do vice mundial de 2013, quando o Raja entrou na competição na cota do país-sede. O futebol no Marrocos ainda engatinha. A Botola Pro, como é chamada a liga, só foi instituída de forma profissional em 2012. É fruto dos esforços governamentais para potencializar o futebol do país. Vale lembrar que o Marrocos perdeu a disputa com a África do Sul para sediar a Copa de 2010, mas ganhou em troca o Mundial de Clubes de 2013 e a Copa Africana de Nações de 2015.
Cenário de filme
Casablanca sempre foi para nós, aqui na América do Sul, e em qualquer outro lugar fora do Marrocos, a cidade em que foi ambientado um dos maiores clássicos do cinema. Hollywood pensou no filme, estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, como propaganda aos Aliados – a estreia se deu dias depois da invasão das tropas à cidade, que estava sob comando francês.
Mas a produção se tornou uma das grandes história de amor do cinema. Nenhuma cena foi gravada em Casablanca, à época um caminho de fuga e que efervescia por causa da guerra. Boa parte do filme se passa no Rick's Café, frequentado tanto por nazistas e funcionários franceses quanto por refugiados e criminosos. Ali, seu dono, o americano Rick Blaine, reencontra Ilsa Lund, seu grande amor do passado. Só que ela está acompanhada do marido, Victor Laszlo, herói da resistência tcheca. E a partir daí se desenrola a trama.
Hoje, Casablanca, a cidade, tem seu Rick's Café. Inaugurado em 2004 por um americano, é um ponto turístico. Estrangeiros o visitam em busca de conexão com o filme. Os locais, no entanto, buscam o lugar apenas para refeições rápidas ou mesmo pelo ambiente cosmopolita, já que boa parte nunca viu o filme,
O técnico
O marroquino Houcine Ammota, 48 anos, é reconhecido no país como um técnico de temperamento forte. Em outubro, mesmo com o título nacional conquistado seis meses depois de sua chegada e classificado à semifinal da Liga dos Campeões da África, ele entrou em conflito com a direção. A razão seria a falta de um campo adequado para treinos e a demora em se desfazer de jogadores que estavam fora dos seus planos. A situação foi contornada, e Ammota levou o time ao segundo título em 10 meses. A trajetória do técnico é curta. Tem um título da segunda divisão, com o IZK e a Copa do Trono e uma Supercopa com FUS Rabat, o grande da Capital. Em 2011, ele assumiu o Al Sadd, do Catar, no lugar de Jorge Fossati. Depois, virou diretor esportivo. Estava no Catar quando topou o desafio de assumir o Wydad.
Rouge et Blanc
O Wydad Athletic Club é conhecido como o Rouge et Blanc. Mas apenas para quem fala francês no país _ apesar da colonização, é a menor parte da população, no caso os jovens ou quem opera o turismo. O idioma oficial do país é o árabe, ensinado nas escolas e usado na escrita. O francês é considerada a língua oficial para os negócios. Assim, para a Europa e para o lado de cá do mundo, o Wydad é o Uidad. Para os árabes, a pronúncia fica em Gudad.