Os primeiros aterramentos do Guaíba, em Porto Alegre, ocorreram no século 19. Fundada em uma ponta estreita de terra sobre as águas, local estratégico para a navegação, a cidade logo ficou espremida entre o rio e o morro. Os avanços começaram com os proprietários de terrenos junto ao Guaíba.
Os aterramentos do Centro Histórico estão diretamente relacionados à ampliação da zona portuária. Em mapa de 1820, a praia ficava às margens das atuais ruas Washington Luís, Andradas e Voluntários da Pátria.
Depois da Revolução Farroupilha, o comércio e a navegação cresceram no entorno da Praça da Alfândega, provocando novos aterros. O trapiche ficava onde está hoje a Avenida Sepúlveda. Em relatório de 1855, o presidente da província, Manuel José Vieira Tosta, o Barão de Muritiba, escreveu que mandou entregar quatro réis à Câmara Municipal para a construção do paredão ao lado da Alfândega na Rua Nova da Praia (Rua Sete de Setembro).
O pesquisador Ronaldo Bastos, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRS), lembra que a obra começou em 1856, durante o governo de Jerônimo Francisco Coelho. A beira do Guaíba virou um cais de atracação, com argolas de amarração para os barcos e escadarias de embarque e desembarque. O cais e o aterramento para a Rua Nova da Praia foram avanços ainda tímidos sobre o rio.
Outro aterro importante ocorreu junto à Praça do Paraíso (Praça 15 de Novembro) para construção do novo mercado público, a partir de 1864, e das docas. O prédio ficava às margens do rio até o início do século 20. As pequenas embarcações atracavam onde ficam hoje o terminal de ônibus Parobé e o Paço Municipal.
Uma expansão maior sobre o Guaíba foi necessária para a construção do novo porto a partir de 1911. Depois de dois anos, ficou pronto o primeiro trecho, com acesso pela Avenida Sepúlveda. No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco recorda que a "cidade ali conquistou ao rio nada menos de 180 metros de litoral". O Cais Mauá foi ampliado na década de 1920. O aterramento para o porto permitiu a abertura das avenidas Mauá e Júlio de Castilhos e a consolidação do projeto da Rua Siqueira Campos.
O avanço sobre o rio continuou com o Cais Navegantes a partir da década de 1940, distanciando a Rua Voluntários da Pátria da margem do Guaíba. Em 1956, começaram as obras do grande aterro da Avenida Praia de Belas.
No mapa acima, veja o avanço sobre o Guaíba desde a fundação de Porto Alegre. Os aterros foram feitos com a areia do próprio rio.