Antes de provocar prejuízos em Porto Alegre, a grande enchente de 1941 devastou áreas no interior do Rio Grande do Sul. Os rios, que atingiram marcas recordes, invadiram cidades, acabaram com lavouras e destruíram infraestrutura de transportes. Pelo censo de 1940, o Estado estava com 3,3 milhões de habitantes em 88 municípios. Porto Alegre era o maior, com 272 mil moradores. Palmeira das Missões, Erechim e Pelotas estavam com mais de cem mil habitantes.
Mesmo com noticiário mais concentrado na duradoura enchente na capital gaúcha, a imprensa também descreveu os problemas em outras cidades gaúchas. Com base nas notícias dos jornais Correio da Manhã, A Noite, Jornal do Commércio e Diário de Notícias, reproduzo relatos sobre o impacto no interior do Estado no início de maio de 1941.
Em Alegrete, a enchente destruiu 500 casas. São "incalculáveis" os danos em estradas, pontes, redes de água e esgoto.
Em Antônio Prado, chuvas torrenciais causaram danos em estradas e pontes, além de lavouras.
Em Bento Gonçalves, danos em estradas e pontes, sem registro de "desastres pessoais".
Em Cachoeira do Sul, muitos prejuízos nas lavouras de arroz.
Em Candelária, a enchente destruiu mais de 75% da produção agrícola. Cidade ficou muitos dias isolada, sem qualquer comunicação ou socorro. Centenas de famílias atingidas.
Em Caxias do Sul, o serviço de comunicação estava quase totalmente interrompido. Apenas sete das 26 linhas de ônibus operavam.
Em Guaporé, bloqueios de estradas e queda de várias pontes.
Em Itaqui, foram 800 socorridos devido à cheia do Rio Uruguai.
Em Jaguari, o prefeito Cincinato Brandão comunicou que a situação "é verdadeiramente impressionante e indescritível". No relato ao governo do Estado, escreveu que "além do grande número de mortos e feridos, entre crianças, mulheres e homens por motivo de desmoronamentos e afogamento, ainda lamentamos centenas de pessoas que tudo perderam." Estradas e pontes foram destruídas.
Em Lajeado, moradores precisaram se refugiar no telhado das casas. Sem citar o total, informaram que era elevado o número de mortos.
Em Rio Pardo, prejuízo de 50% na lavoura de arroz.
Em São Borja, mais de 300 flagelados foram recolhidos.
Em São Gabriel, grandes prejuízos em lavouras de arroz.
Em São Jerônimo, a enchente do Rio Jacuí atingiu dois terços da cidade, que ficou completamente sem luz.
Em São Leopoldo, o Rio dos Sinos invadiu a cidade.
Em São Sebastião do Caí, chegou a 2,3 mil o número de flagelados.
Em São Sepé, balanço de 150 flagelados.
Em Tapes, lavouras prejudicadas, assim como estradas e pontes.
Em Taquara, a prefeitura ajudou flagelados.
Em Tupanciretã, estragos em pontes e pontilhões. Confirmação de duas mortes.
Em Triunfo, chegou a 900 o número de moradores socorridos devido à enchente do Rio Jacuí.
Em Vacaria, a população ficou sem telefone. Comunicação era levada a cavalo. A chuva destruiu pontes e estradas.
Em Venâncio Aires, a água cobriu grande parte do município, estendendo-se por oito quilômetros da margem do rio.
Em Veranópolis (Alfredo Chaves), foram "impressionantes" os desmoronamentos durante 15 dias de chuvas ininterruptas. A topografia "evitou que a economia fosse afetada".
Em Viamão, balanço de 270 flagelados.
O Diário de Notícias citou que foram mínimas as consequências da enchente em Jaguarão, Getúlio Vargas, Novo Hamburgo e Bagé. Em Canoas, município com 17 mil habitantes, áreas ficaram inundadas pelo Rio Gravataí.
O número total de mortos no Rio Grande do Sul é desconhecido. A lista de estragos dá uma ideia dos transtornos no interior do Estado. Obviamente, faltam municípios e detalhes sobre a situação de cada localidade.
A Lagoa dos Patos provocou inundações em Rio Grande e Pelotas. Ruas, casas e empresas foram invadidas pelas águas.