O incêndio na Lojas Americanas é um dos maiores da história de Porto Alegre. Depois uma confraternização de encerramento do ano, quase todos os funcionários já tinham saído da filial, no Centro Histórico, no meio da tarde de 29 de dezembro de 1973. Por volta das 15h45, o fogo começou na moderna loja, com entradas pelas ruas Andrade Neves e dos Andradas. Em oito minutos, chegaram os primeiros bombeiros. Sem conseguir deixar o prédio, cinco funcionárias morreram.
Com base nas reportagens de Zero Hora, relembro o trágico episódio. A loja já estava fechada naquela tarde de sábado. Pouco tempo antes do início do incêndio, aproximadamente 300 funcionários foram para casa após coquetel, realizado na lancheria, no primeiro andar. As funcionárias do Departamento Pessoal ficaram na loja.
Por volta das 16h20, já com multidão acompanhando o trabalho dos bombeiros, foram ouvidas explosões no interior do prédio. O fogo consumiu o estoque, de fácil combustão. Entre os funcionários, as informações eram imprecisas sobre a causa do incêndio.
Os bombeiros mobilizaram 80 homens e 16 viaturas. Com problemas nos hidrantes, usaram as mangueiras para captar água direto do Guaíba. Em função do prédio comprido, com duas entradas, não conseguiam chegar ao ponto central, onde estava o principal foco do incêndio. Uma funcionária conseguiu pular do segundo andar e foi hospitalizada.
Na Rua Andrade Neves, o Hotel Lido precisou ser evacuado. Os hóspedes, incluindo funcionários da Varig, foram transferidos para o City Hotel. Além de multidão de curiosos, o incêndio atraiu pessoas que queriam ajudar.
Os bombeiros só conseguiram entrar no prédio de noite, quando o fogo estava quase extinto. Por volta das 21h30, retiraram cinco corpos. Todos de mulheres jovens, encontradas trancadas no banheiro do segundo andar. Morreram Sueli Ferreira Lopes, 30, chefe do Departamento Pessoal; Reinildes Maria de Jesus, 25; Iracema Mengarda, 26; Maria Marli dos Santos Almeida, 28; e Marli da Silva, 27.
O enterro das cinco ocorreu no dia seguinte, no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. Dois diretores vieram do Rio de Janeiro para acompanhar a cerimônia de despedida.
Inaugurada em 1962, a unidade 27 da Lojas Americanas ficava o prédio de três andares. Em outro edifício maior, construído no mesmo local, a filial já estava reaberta em 1975. A loja continua até hoje neste ponto tradicional do comércio da cidade. Na época, um curto-circuito foi apontado como a causa do incêndio.
Durante o rescaldo, na madrugada de domingo, bombeiros precisaram correr para combater outro incêndio no Centro Histórico. O fogo destruiu 17 bancas do Mercado Público, a poucas quadras da loja. A década de 1970, período de falta de normas de prevenção de incêndios, teria uma tragédia ainda maior em Porto Alegre. Em 27 de abril de 1976, o fogo destruiu o prédio da Lojas Renner, na esquina das ruas Otávio Rocha e Dr. Flores, matando 41 pessoas.