Uma parede do Mercado Público guarda a marca da maior enchente da história de Porto Alegre. Na parte interna, uma placa de metal fica ao lado do portão junto ao Largo Glênio Peres. Colocada pela prefeitura, indica a altura da água em 8 de maio de 1941.
Como não tem a medição em números, levei uma trena para tirar a dúvida. Considerando o ponto indicado pelo triângulo (marca de nível) desenhado na placa, a marca é de 1m10cm. O Guaíba invadiu áreas de Norte a Sul da cidade em 1941. No Centro Histórico, barcos cruzavam as ruas. O Mercado Público precisou suspender operações, assim como outras centenas de empresas.
Nas enchentes de setembro e novembro de 2023, quando foi superada a cota de inundação no Cais Mauá, o Mercado Público ficou protegido pelo Muro da Mauá, construído entre 1971 e 1974.
Enchente de 1941
A chuva no Estado começou em 10 de abril, uma Quinta-Feira Santa. Por 35 dias, o Estado foi castigado pelos temporais. Em Porto Alegre, choveu em 22 dias neste período, acumulando 619,4 milímetros. Depois do caos no interior, os rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí encheram o Guaíba. Com 272 mil habitantes, Porto Alegre ficou com suas principais áreas comerciais e industriais embaixo d´água no início de maio, quando o vento Sul represou o Guaíba.
Baseados na experiência de outra grande enchente, de 1928, muitos porto-alegrenses demoraram para se convencer da gravidade em 1941. O nível do Guaíba atingiu a marca recorde de 4,76 metros no Cais Mauá, onde a cota de inundação é de três metros.
As consequências da enchente de 1941 foram sentidas por muito tempo. Em 1967, outra cheia do Guaíba deixaria partes da cidade embaixo d´água. Depois dos traumáticos episódios, Porto Alegre construiu o muro da Avenida Mauá e um sistema de diques.
Álbum da Livraria do Globo
Além das edições normais da Revista do Globo na grande cheia do Guaíba, a Livraria do Globo publicou o Álbum da Enchente de 1941, uma reportagem fotográfica composta de 43 imagens. Veja abaixo parte das fotografias.