O feriado do Dia do Trabalho é sempre especial no Zoológico de Sapucaia do Sul. Em 1º de maio de 1962, o governador Leonel Brizola inaugurou o parque em área de 120 hectares na Região Metropolitana de Porto Alegre. Depois de três anos e meio de obras, o público pode chegar perto de animais vistos antes apenas em revistas e no cinema. O Pórtico Monumental, junto à BR-116, era o ponto de partida do passeio.
Em filme da Leopoldis-Som, sem áudio, podemos assistir às imagens das obras e da cerimônia de inauguração, com muitos estudantes no parque. O governo ofereceu transporte para as escolas naquele feriado. No início da gravação feita para o cinejornal Atualidades Gaúchas, aparecem animais chegando ao aeroporto Salgado Filho e ao Cais Mauá, em Porto Alegre.
Na área de horto florestal, o governo gaúcho criou o zoológico com lagos, áreas de recreação para crianças e espaços para piqueniques. O estacionamento tinha duas mil vagas para veículos. Os recintos dos animais foram estudados com base nas experiências de São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, San Diego (EUA) e Hamburgo (Alemanha).
A elefante Nely, trazida de Buenos Aires em um avião da Varig, virou a mascote. Ela aparece no filme da Leopoldis-Som. Com permutas e compras, foram trazidos animais de cinco continentes.
Em fevereiro de 1962, aportou em Porto Alegre um navio com uma carga que chamou a atenção: três yaks (bois selvagens do Tibete), dois cervos da Europa, um casal de leões da África e um urso pardo da Rússia. Um mês antes, já estavam por aqui um elefante, um urso preto da Malásia e um camelo. Onças vieram do Mato Grosso. Um casal de tigres foi comprado de um circo que rodava pelo Rio Grande do Sul. No filme, mesmo durante a obras, já aparecem animais nos recintos do zoológico.
Como já contei na coluna, do zoológico do Rio de Janeiro, veio emprestado o famoso rinoceronte Cacareco, que fez uma votação recorde para vereador em São Paulo em 1959, quando "elegeram" o animal para protestar contra os políticos.
Um trenzinho circulava por 16 quilômetros de trilhos para ajudar nos descolamentos no amplo parque. Charretes eram uma alternativa nas estradas internas.