Os canhões são atração em jardim nos fundos do Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre. Lembram dos tempos de combates no Rio Grande do Sul. Em 1926, foram doados três canhões de Camaquã, que pertenceram às forças farroupilhas, e outros três de Caçapava do Sul, do Forte Dom Pedro II. A direção do museu acredita que, por algumas décadas, as identificações ficaram invertidas.
Depois de historiadores das duas cidades reclamarem a procedência dos três canhões maiores, a equipe do museu analisou a documentação e percebeu que o registro nas fichas, em data incerta, foi alterado. Com a dúvida, a diretora da instituição, Doris Couto, buscou ajuda de especialista em artilharia no Comando Militar do Sul.
Depois da análise dos seis canhões de ferro fundido, das fichas catalográficas, notícia de jornal e literatura de história militar, a conclusão é que estavam mesmo trocados. É considerada evidência também foto atribuída ao fotógrafo inglês John King, que seria a prova dos canhões parcialmente enterrados na antiga barra do Arroio Santa Isabel, em Camaquã, onde foram localizados no final do século 19.
Os três canhões mais longos, que estavam identificados no jardim como de Caçapava do Sul, na verdade, eram os farroupilhas. Logo, os três menores, conhecidos como caronada, são do Forte Dom Pedro II. Mesmo assim, no relatório entregue ao Museu Julio de Castilhos, o diretor do Museu Militar do Comando Militar do Sul, coronel Fábio de Castro Pereira, e o historiador e capitão Alexandre Santana da Silva recomendam o aprofundamento da pesquisa com ajuda do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
No museu da Rua Duque de Caxias, em Porto Alegre, as placas dos canhões já foram corrigidas no jardim. Caçapava do Sul quer seus canhões de volta ao Forte Dom Pedro II, onde criará museu a céu aberto. Depois de receber o resultado da análise do Museu Militar do Comando Militar do Sul, a prefeitura confirma que aceitará os canhões menores. A confusão está desfeita.
A história dos canhões farroupilhas
Em julho de 1839, o italiano Giuseppe Garibaldi estava longe, tomando Laguna, quando seus companheiros precisaram subir o Rio Camaquã para fugir das embarcações comandadas por John Pascoe Grenfell. Pelo texto da revista do IHGRGS, publicada em 1927, os canhões foram retirados dos lanchões farroupilhas e abandonados na água para não caírem nas mãos dos imperiais.
Em 1896, o major José Divino Vieira Rodrigues, que ocupou cargos públicos em Camaquã, enviou texto ao jornal A Federação contando que encontraram as peças de artilharia depois da abertura da nova barra no Arroio Santa Isabel. O trabalho de remoção e transporte durou quase um mês até chegarem à cidade de Camaquã.
Os canhões mais longos, provalvemente, são ingleses, do período do Rei George III, entre 1760 e 1820.
Jardim dos Canhões
- Museu Julio de Castilhos (Rua Duque de Caxias, 1.205), no Centro Histórico, em Porto Alegre.
- Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 17h.
- Entrada franca.