Os "Pedro e Paulo" viraram sinônimo de policiamento em duplas na Brigada Militar. Não importava o que estava no registro de nascimento dos PMs. Quando caminhavam nas ruas de Porto Alegre, eram reconhecidos pelos nomes dos dois santos católicos. O novo modelo de policiamento foi implantado na década de 1950, acompanhando tendência de grandes cidades do Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, as duplas eram chamadas de Cosme e Damião.
Em 12 de agosto de 1955, foi criada a Companhia Pedro e Paulo, em homenagem a São Paulo e ao padroeiro do Rio Grande do Sul, São Pedro. O primeiro comandante foi o capitão Octávio Frota, que chegaria mais tarde ao posto de comandante-geral da Brigada Militar. Os policiais da nova unidade desfilaram já nas comemorações do 20 de Setembro. A novidade foi saudada na imprensa.
Em janeiro de 1956, as duplas começaram a atuar na cidade, em locais como rodoviária, aeroporto e estação ferroviária. Com o sucesso da ação, os PMs passaram a trabalhar em outros locais. O nome logo pegou e o serviço agradou. Em março, o jornal Diário de Notícias publicou que "os Pedro e Paulo conquistaram a confiança do povo" e "tornaram-se em poucos dias os bons amigos dos porto-alegrenses".
Em 1958, o governador Ildo Meneghetti fortaleceu o serviço de policiamento, criando o Batalhão Pedro e Paulo. A unidade teve atividades ampliadas, atuando também no porto, na Secretaria Estadual da Fazenda, presídios e outros locais. Na década de 1960, os "Pedro e Paulo" chegaram ao interior do Estado.
O processo de seleção ocorria dentro da corporação, "considerando biotipo, grau de escolaridade, boa conduta e apresentação pessoal", acordo com o livro 180 anos - 180 olhares, publicado pela Comunicação Social da Brigada Militar em 2018. O treinamento antes de ir para a rua era de quatro meses. Os PMs faziam um juramento: "prometo não esquecer que sou policial em serviço e que a sociedade tem em mim um guardião da ordem".
Em 1967, com a extinção da Guarda Civil, a Brigada Militar assumiu o policiamento ostensivo e de trânsito na cidade. Em 1970, o governador mudou o nome do batalhão para 9º Batalhão de Polícia Militar, também conhecido como Batalhão Voluntários da Pátria. A unidade é responsável hoje pelo policiamento na área central de Porto Alegre.
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