As brizoletas são testemunhas da universalização da educação primária no Rio Grande do Sul. As escolas, construídas em madeira, podiam ter apenas uma ou várias salas de aula. O nome popular está relacionado ex-governador gaúcho Leonel Brizola (1922-2004). Na gestão de 1959 a 1963, com a meta de "nenhuma criança sem escola", ele comandou a construção dos colégios em todos os cantos do Estado.
Depois de mais de 60 anos, ainda é possível ver as velhas brizoletas. Em Guaporé, por exemplo, um chalé foi reformado para virar museu. Nos anos 1980, também estudei em um escola neste modelo, de rápida construção. Pouco tempo depois, vi o velho prédio ser substituído por outro maior, de alvenaria. Para relembrar das brizoletas, compartilho trecho de um filme de 1962, do acervo do Arquivo Nacional. No vídeo intitulado "Panorama de uma administração", foram apresentadas as realizações do governo Brizola em várias áreas, com destaque para a educação. É possível ver raras cenas da construção das escolas.
Em 1959, 714 mil crianças de 7 a 14 anos estavam matriculadas no ensino primário em escolas estaduais, municipais e particulares gaúchas. Pela falta de vagas, 288 mil estavam fora da escola. Com a meta de erradicar o analfabetismo infantil, a gestão criou a Comissão de Prédios Escolares (CEPE) e o Serviço de Expansão Descentralizada do Ensino Primário (SEDEP), atuando em parceria com prefeituras.
Em 1963, o jornal Diário de Notícias publicou o balanço da campanha "Nenhuma criança sem escola". Em quatro anos, foram construídas ou ampliadas 5.254 escolas primárias, permitindo 550 mil novas matrículas. No período, foram contratados 20 mil professores. Além dos colégios primários, foram construídos na gestão de Brizola 131 de ensino médio e 16 de educação técnica. Em 1960, o Rio Grande do Sul tinha 5,4 milhões de habitantes.
O termo brizoleta também foi usado para se referir às Letras do Tesouro do Estado, emitidas pelo governo para arrecadar recursos para investimentos.
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