A família de um dos comerciantes mais ricos de Porto Alegre no final do século 19 é homenageada em tradicional rua do bairro Moinhos de Vento. Antônio José Gonçalves Mostardeiro era apenas Antônio José Gonçalves quando nasceu em 1831. A família humilde morava em Mostardas, no Litoral. Em Rio Grande e São José do Norte, Antônio deu os primeiros passos como empreendedor. Aliás, na cidade portuária teria surgido o novo sobrenome para a família que dá nome à Rua Mostardeiro.
No livro Moinhos de Vento: histórias de um bairro de Porto Alegre, o jornalista Carlos Augusto Bissón apresenta duas versões para o sobrenome Mostardeiro. Em um diário, o empresário contou que na cidade de Rio Grande era conhecido como o "rapaz de Mostardas". A outra versão é sobre a tradição de moradores de Mostardas tecerem cobertores de lã crua de ovelha. No Litoral, as peças ficaram conhecidas como "mostardeiros". Antônio José Gonçalves vendia os cobertores em Rio Grande e teria adotado a alcunha "o mostardeiro". Quando registrou os filhos, colocou o sobrenome Mostardeiro.
Em 1860, aos 29 anos e com o Mostardeiro incorporado ao nome, é citado em jornal do Rio de Janeiro como comerciante de tecidos e ferragens em São José do Norte. Em seguida, se estabeleceu na capital da província. Em 1870, o Diário do Rio de Janeiro publicou que Mostardeiro firmou contrato com Joaquim Gonçalves Chaves para comércio de fazendas (tecidos) em Porto Alegre. Entre 1882 e 1885, presidiu a Associação Comercial de Porto Alegre. Entre outros negócios, o empresário fundou a Sociedade de Seguros Terrestres Porto-Alegrense. Ele também foi diretor do Banco da Província. Quando a Companhia União Telephonica do Brazil se estabeleceu em Porto Alegre, em 1886, Mostardeiro estava entre os primeiros assinantes, inclusive com linha de telefone na chácara do Moinhos de Vento.
No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco aponta que a Rua Mostardeiro já figurava na planta municipal de 1888, como acesso à chácara do comerciante no Moinhos de Vento. Logo, começou a receber moradias. Em 1892, já eram 23 prédios térreos e um sobrado. O bonde de tração animal facilitou o acesso em 1894.
Na baixada do Moinhos de Vento, junto ao Mato Mostardeiro, ficou o primeiro estádio do Grêmio. A área também recebeu o hipódromo, área atual do Parcão. Milhares de pessoas moram na região da antiga chácara.
Antônio José Gonçalves Mostardeiro morreu 7 de novembro de 1893, aos 62 anos. A viúva Laura Mostardeiro faleceu em 7 de setembro de 1906, aos 71 anos. Ela ficou conhecida por ações de filantropia. Filhos do casal mantiveram os negócios e tiveram atuação na política rio-grandense.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)
