O bairro Moinhos de Vento foi parada de ciganos em Porto Alegre até a década de 1950. Na região do Hipódromo Moinhos de Vento (ex-Prado Independência) e do Estádio da Baixada, famílias paravam por alguns dias. O Parcão tem um busto em homenagem a Mathias Bagesteiro, espanhol que veio de navio para o Uruguai e chegou de carroça ao Rio Grande do Sul. Ele foi um cigano que acampou naquela região da cidade, de acordo com o neto Neco Bagesteiro.
Em junho de 1955, a Revista do Globo publicou reportagem de José Adam, com fotos de Léo Guerreiro, sobre um acampamento. Um grupo de ciganos montou barracas no terreno baldio, antes ocupado pelo estádio do Grêmio, que recém inaugurara o Estádio Olímpico. Ciganos vindos de várias regiões do Estado fizeram festas de casamento. As mulheres ficavam responsáveis pelos preparativos. Os homens ganhavam a vida fabricando e vendendo tachos, além da comercialização de outros produtos, como rádios.
Pelas histórias contadas pelo ciganos, Ana Bagesteiro, esposa de Neco, ficou sabendo que os grupos acamparam na baixada do Moinhos de Vento entre as décadas de 1930 e 1950. Ela conta que o local era escolhido devido a uma boa fonte de água. Em homenagem aos antepassados, Neco e Ana promovem o evento cultural Alma Cigana, que chega à 25ª edição.
No Parcão, entre 17 e 20 de novembro, vão apresentar tradições ciganas, com música, danças e até festa de noivado. O evento é realizado nas proximidades da réplica de moinho no parque.
Serviço do evento Alma Cigana, no Parcão, em Porto Alegre
17 de novembro de 2022 (19h às 22h)
18 a 20 de novembro (10h às 22h)
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