A Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) impulsionou o desenvolvimento de Canoas. Na década de 1960, foi o investimento mais importante na cidade que passava por um processo de industrialização. Em 1968, quando entrou em operação, o município tinha aproximadamente 300 indústrias, incluindo fábricas que deixaram Porto Alegre em busca de áreas maiores, como a Springer e a Telespring.
Em 21 de dezembro de 1961, o presidente da República João Goulart, ao lado do governador gaúcho Leonel Brizola, lançou a pedra fundamental da refinaria junto à BR-2 (atual BR-116). Era a concretização de um plano que surgiu dez anos antes nos estudos do Conselho Nacional de Petróleo da Petrobras. A desapropriação da área resultou em disputa judicial com proprietário. A obra da petroleira incluiria um terminal em Osório e o oleoduto de mais de 100 quilômetros até Canoas.
No início de 1962, a Petrobras já abriu um escritório na Rua dos Andradas, no Centro de Porto Alegre, para gerenciamento da obra. Pela previsão inicial, o complexo deveria estar em operação dois anos depois. João Goulart foi deposto em 1964 pelos militares, que seguiram com a construção da refinaria e mantiveram o nome em homenagem ao ex-senador trabalhista Alberto Pasqualini.
O novo prazo para conclusão, em 1967, também não foi cumprido devido ao atraso na chegada de equipamentos. Em julho de 1968, o primeiro navio com petróleo ancorou na costa, na altura de Tramandaí, para bombear petróleo para o Terminal Marítimo Almirante Soares Dutra, em Osório. Uma preocupação destacada nos jornais era com os cigarros no local. Em uma época de fumo liberado em todos os lugares, só era permitido fumar no setor administrativo do terminal.
Em 16 de setembro de 1968, o presidente da República Artur da Costa e Silva inaugurou a Refap, em Canoas. Em cadeia de emissoras de rádio de todo Brasil, a Agência Nacional fez meia hora de transmissão. A inauguração recebeu destaque do Cinejornal Informativo número 112 (vídeo acima), produzido pela agência estatal.
A unidade começou processando uma média diária de 4,5 mil m³ de petróleo. Com gradativa ampliação, a capacidade passou de 20 mil na década de 1990 e superou 30 mil em 2010. A Refap está atualmente nos planos de venda de refinarias da Petrobras.
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