Um mito do boxe esteve em Porto Alegre em 1987. Cassius Marcellus Clay Jr., ou simplesmente Muhammad Ali, não veio dar socos nos ringues. Ele já estava aposentado e com problemas de saúde. Como empresário, dono da empresa de carros esportivos Ali Motors, conheceu a fábrica do Miura em 29 de abril.
Em uma churrascaria no centro da cidade, o campeão mundial dos pesos pesados viu girar em sua volta os garçons com os espetos. O norte-americano disse que gostou muito do churrasco e um dia voltaria para comer mais. Ele usou a mão para dar muitos autógrafos. Em vários momentos, com punhos cerrados, fazia o gesto tradicional dos boxeadores. Aos 45 anos, já estava doente, com olhar fixo e andar vagaroso, mas mantinha o bom humor.
Na fábrica de automóveis na Avenida Sertório, foi recebido pelos diretores Aldo Besson e Itelmar Gobbi. Caminhou pela linha de montagem e andou na carona de um Miura Targa, dirigindo por Gobbi. Elogiou o carro gaúcho e deixou em aberto acordo comercial para vendas nos Estados Unidos. O Miura foi um marco na indústria nacional, com 11 modelos produzidos entre 1977 a 1992.
Antes de vir a Porto Alegre, Ali e sua equipe passaram pelo Paraná, onde visitaram a fábrica do Puma. Nenhum negócio foi fechado com as duas empresas no Brasil. Em Porto Alegre, ficaram as lembranças do dia em que o mito do boxe comeu uma boa costela. Muhammad Ali tinha doença de Parkinson e morreu em 2016 nos Estados Unidos. Os anfitriões na capital gaúcha, Besson e Gobbi, também já faleceram.
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