As listas telefônicas ocupavam lugar de destaque nas nossas casas. Em uma mesa, gaveta ou estante, preferencialmente perto do telefone. Em alguns casos, o aparelho ficava em cima do guia. As páginas traziam contatos dos assinantes. As listas eram pesadas e chegavam atualizadas todos os anos. Na infância, a primeira coisa que fazia era conferir se o nome do meu pai estava lá.
Eu sabia muitos telefones de cor, mesmo assim as consultas eram inevitáveis. A lista telefônica foi muito útil em tempos sem internet. Qual o telefone da locadora de fitas de vídeo? Quem arruma geladeira? Onde encontro uma lavanderia? As listas traziam as respostas: nomes, endereços e telefones. Eram o nosso Google.
Empresas pagavam para colocar em destaque seus produtos e serviços nas páginas amarelas. Editoras disputavam este lucrativo mercado de classificados. A Listel foi, por muito tempo, a fornecedora no Rio Grande do Sul. Em 1986, após vencer concorrência, começou a produzir as listas da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Antes dividido em quatro regiões, o Estado passou a ter 12 listas diferentes. A CRT fazia concursos com artistas gaúchos para escolher as imagens das capas.
Na década de 1950, a Companhia Telefônica Nacional anunciava nos jornais a chegada das listas atualizadas, que eram distribuídas mediante a devolução das antigas. A empresa pedia aos clientes para buscarem os números dos telefones na publicação, evitando sobrecarregar o serviço telefônico pelo número zero, que deveria ficar apenas para conferência nas ligações interurbanas.
A lista poderia também gerar alguns transtornos. Imagine se o número do telefone estivesse errado. Por um ano, pessoas ligariam para outro local. Não eram raros anúncios em jornais comunicando erro ou troca de número.
As primeiras listas no mundo surgiram ainda no século 19, nos primórdios da telefonia. A Companhia Telephonica do Brazil publicou em 21 de agosto de 1881 no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, aquela que é considerada a primeira lista do país. A relação, que não ocupou metade da página, trouxe os primeiros assinantes comerciais, com nome, endereço e o número de até três dígitos.
As famosas listas perderam relevância no início dos anos 2000, com a internet e migração dos telefones fixos para os móveis. No celular, passamos a colocar os números na agenda. São raros aqueles que lembro de cabeça.
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