Os moradores da zona norte de Porto Alegre inicialmente suspeitaram da queda de um avião. O barulho foi ouvido em outras regiões da cidade e em municípios da Região Metropolitana. Uma coluna de fumaça podia ser avistada de longe. Ela indicava o local da explosão no bairro Navegantes, perto da Ponte do Guaíba. O tremor foi sentido em outros bairros. Os bombeiros receberam a primeira ligação telefônica às 15h50 daquela segunda-feira, 3 de maio de 1971.
O depósito de fogos de artifício da empresa Fulgor foi para os ares na rua Dr. João Inácio. Os prédios vizinhos ficaram em escombros. Os pedaços de materiais foram localizados a mais de um quilômetro de distância. Os bombeiros de várias estações da cidade foram mobilizados para combater as chamas e resgatar feridos. As explosões menos intensas continuaram já com as equipes no local. Em viaturas e carros particulares, feridos foram removidos ao Hospital de Pronto Socorro. Em frente ao HPS, logo centenas de pessoas se amontoaram em busca de informações. Na Rádio Gaúcha, a equipe médica pediu doação urgente de sangue para as vítimas.
No local da tragédia, um salvamento alegrou as equipes. Após duas horas da primeira explosão, um bombeiro ouviu o choro de criança nos escombros da cozinha de uma casa. Em pequeno túnel formado em meio aos destroços, o sargento Ibernon Aquino desceu e voltou com uma menina de seis anos. Márcia Rosa Lopes saiu sem ferimentos. A menina perdeu a mãe, falecida dias depois no hospital, e a avó, que ficou soterrada no desabamento da casa.
A tragédia causou nove mortes, incluindo o dono do depósito de fogos de artifício. O cenário da tragédia era muito impactante para equipes de resgate, com pedaços de corpos espalhados por centenas de metros e em cima de prédios. Pelo menos 57 pessoas ficaram feridas e precisaram de atendimento hospitalar.
A distribuidora que explodiu funcionava em uma casa antiga, vendendo desde chapéus até fogos de artifício. O estoque de fogos era grande no dia do acidente devido à proximidade das festas de São João. O quarteirão ficou destruído, como nos ataques aéreos das guerras. Devido ao risco de novas explosões, moradores do entorno não puderam entrar por três dias nas casas que resistiram à explosão. Ao lado da distribuidora, ficava a Arrozeira Brasileira. O estoque de sacos de arroz serviu de barreira, impedindo um desastre ainda maior.
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