Um grupo de candidatos e candidatas negras se reuniu na última sexta-feira para unir esforços em torno da construção de um movimento que Porto Alegre viu nascer na última eleição municipal. Em 2020, foram eleitos para Câmara de Vereadores da Capital cinco candidatos negros, algo nunca antes visto no Legislativo municipal.
Foram eles: a professora Karen Santos (PSOL), a mais votada entre todos os vereadores, com 15.702 votos; Matheus Gomes (PSOL), historiador, com 9.869 votos; a servidora pública Laura Sito (PT), com com 5.390; a estudante Bruna Rodrigues (PCdoB), com 5.366, e a educadora social Daiana Santos (PCdoB), com 3.715 votos.
A ideia, agora, é mobilizar esforços, a partir da experiência adquirida e tentar repetir o feito consolidado na eleição de Porto Alegre, a fim de levar a mesma mobilização aos Legislativos estadual (Assembleia) e federal (Câmara dos Deputados), em Brasília.
O movimento é corajoso e encontra respaldo num 'acordar' de parte da população brasileira para o tema. Em um país que perpetua a democracia racial como mito, é antes de mais nada necessário promover uma reflexão profunda a respeito de ocupação de espaços de poder. Na eleição de 2020, o grupo - que é formado por pessoas diferentes e de partidos distintos - destacou a importância de se criar uma pauta conjunta, que partiria da luta antirracista, mas passaria por temas de toda a cidade, como mobilidade urbana, moradia, educação, casas de acolhimento, investimento em cultura, políticas para as mulheres e outros.
À coluna, o vereador Matheus Gomes, pré-candidato a deputado estadual, contou sobre o encontro e disse que o movimento foi batizado de “Por uma bancada negra na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional”. Foi justamente a bancada negra de Porto Alegre quem se mobilizou para organizar o grupo e unir esforços na mesma direção.
- A gente quer apresentar uma lista ampla de candidaturas. No Rio Grande do Sul , são cerca de 1 milhão e 200 mil gaúchos que se autodeclaram negras e negros e não temos nenhum parlamentar, em nível estadual e em nível federal, que represente os anseios dessa população. O resultado é a ausência de projetos políticos e ações de combate ao racismo estrutural, que está na base da desigualdade social crescente em nosso Estado. O conjunto da sociedade perde com isso, pois a democracia não será completa enquanto o povo negro ficar de fora da política e sem seus direitos sociais - avaliou.
Até aqui, são 12 candidaturas já alinhadas com o movimento, mas segundo Matheus, a ideia é ampliar esse número a partir de contatos com os partidos. O vereador e ativista pretende consolidar ao menos 20 candidatos que estejam conectados com o movimento negro.
- A lista de candidaturas continua aberta para que mais representações negras se juntem a esse movimento coletivo - explicou.
Na imagem, da esquerda para a direita: Fran Rodrigues (PSOL), Júlio Araujo (PSOL), Tamyres Filgueiras (PSOL), Karen Santos (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL), Daiana Santos (PCdoB), Laura Sito (PT), Reginete Bispo (PT), Zila Farias (PSOL), Graziela Oliveira (PSOL) e Geisa (PDT).