A luta para coibir a violência de gênero ganhou mais um importante instrumento nesta semana no Brasil. O presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou a lei que prevê, entre outras coisas, punição para constrangimentos sofridos por vítimas de violência sexual e testemunhas em julgamentos.
O projeto foi batizado de "Lei Mariana Ferrer" em alusão ao caso da influenciadora digital Mari Ferrer, que repercutiu em todo o país. Na ocasião, a vítima foi humilhada pelo advogado do acusado, que utilizou fotos dela no Instagram para sugerir que ela tinha um comportamento não digno de respeito. Para se referir as fotos, o defensor chegou a dizer que havia "posições ginecológicas".
A lei Mari Ferrer é o tema do podcast "Descomplica, Kelly" desta quinta-feira.
O programa recebe a advogada Luana Pereira, mestre em sociologia pela UFRGS e autora do livro "Vivências e percursos de mulheres em situação de violência: um olhar interseccional"; e também ouve a deputada Fernanda Melchionna, co-autora do projeto de lei na Câmara.
— Infelizmente é comum que as mulheres passem pelo que a gente chama, nos estudos de gênero, de "revitimização". Ou seja, a mulher acaba se tornando vítima pela segunda vez, depois de já ter passado por uma situação de violência, ela se torna vítima também ao denunciar isso. Nós não podemos esquecer que o machismo, assim como o racismo, não está somente nas nossas relações pessoais, mas também está presente nas instituições. E por isso, infelizmente, isso ainda é tão comum. Inclusive, há um conceito que nós trabalhamos, dentro dos estudos de violência de gênero, que se chama "nó crítico". Quer dizer, quando a mulher está tentando romper uma situação de violência, ela acaba enfrentando tantos obstáculos, que isso faz com que ela se desestimule ou até desista de buscar o caminho da denúncia e da Justiça — avaliou Luana.