A palavra offshore, que não nos visitava desde os tempos de Lava-Jato, voltou ao noticiário nos últimos dias e, mais uma vez, na editoria de política. Agora, a revelação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos diz respeito ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ambos, mostrou reportagem da Revista Piauí no último domingo, possuem empresas em paraísos fiscais.
Mas, afinal de contas, há algo de errado nesta prática?
Em tese, ter uma offshore não é algo ilegal. Basta que seja declarado à Receita Federal, como contamos hoje no podcast Descomplica, Kelly!, no Spotify. Ocorre que, por se tratarem de duas autoridades federais — que têm, sim, poder de comando e de decisão sobre as políticas monetárias e fiscal do Brasil — ter uma offshore, no mínimo, não é de bom-tom.
Isso porque os investimentos que estão fora do Brasil (no caso, nos paraísos fiscais) podem acabar sendo beneficiados a partir de decisões que envolvem a política cambial, por exemplo. É disto que estamos falando.
Não à toa, o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu uma investigação preliminar sobre as offshores de Guedes e de Campos Netto.
É importante destacar também que o Congresso Nacional já está de olho no assunto e também organiza convites para que ambos, ministro da Economia e presidente do Banco Central, compareçam à Câmara e ao Senado para darem explicações. Como em política não se dá ponto sem nó, é de se imaginar que a base aliada cobre sua fatura para defender os alvos da vez.