Para quem está esperando um STF extremamente atento às manifestações previstas para esta terça-feira, Sete de Setembro, os ventos sopram mesmo nesta direção. Nesta segunda (6), a Polícia Federal está cumprindo mandados contra o prefeito de Cerro Grande do Sul, Gilmar Alba, flagrado com R$ 505 mil em dinheiro vivo, no aeroporto de Guarulhos.
As ordens de busca e apreensão vieram de Brasília. Foram expedidas pelo gabinete do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito dos atos antidemocráticos.
Os policiais estiveram em imóveis de Alba, conhecido como Gringo Louco, e também na prefeitura daquele município, situado no centro-sul do Estado, a 122 quilômetros de Porto Alegre.
E por que, afinal, o prefeito teria relação com este inquérito?
Para contextualizar, é preciso voltar à CPI da Covid. Na última semana, senadores que integram a comissão pediram ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD), que comunicasse ao STF indícios de que os R$ 505 mil apreendidos com o prefeito seriam utilizados para financiar os atos do 7 de setembro.
Mas as manifestações não são livres? Sim. O problema investigado pelo inquérito é justamente sobre os ataques feitos contra a democracia que sugerem, por exemplo, a volta da ditadura militar ou mesmo fechamento do Congresso e do próprio STF. Alexandre de Moraes tem se dedicado com afinco a identificar quem está financiado a propagação de ideias antidemocráticas.
Conforme a coluna apurou, a vigilância está ainda maior a partir dos atos previstos para o Sete de Setembro. Basta lembrar que o cantor Sérgio Reis também foi alvo de buscas ordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes, por conta de um áudio em que convocava caminhoneiros a realizarem uma paralisação no feriado de 7 de setembro contra ministros do STF.
Vale lembrar que, à Rádio Gaúcha, Alba negou que os R$ 505 mil apreendidos com ele no aeroporto tivessem tal finalidade (financiar manifestações contra ministros do STF):
— Eu jamais faria um vandalismo desses, pegar dinheiro para patrocinar... Eu acho que ninguém precisa, nem Bolsonaro nem o povo brasileiro precisa ser patrocinado. Porque nós, bolsonaristas, usamos nosso dinheiro e fazemos uso para comprar nossas roupas. Não pedimos dinheiro para ninguém. Jamais eu iria na manifestação. Não vou, nunca fui. Estou há mais de um ano sem ir para Brasília e esse dinheiro não era para isso, não — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
O fato é que o STF está de olho em toda e qualquer movimentação e, em especial, no rastro do dinheiro que financia este tipo de conduta. Ao ordenar mandados cumpridos em meio a um feriadão, o ministro Alexandre de Moraes dá sinais claros de que não haverá tolerância com quem atentar contra a democracia no Dia da Independência.