O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Temer e general Sérgio Etchegoyen falou sobre a crise institucional acentuada após as manifestações do Sete de Setembro. A entrevista foi concedida ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (10), portanto antes da carta com tom apaziguador assinada pelo presidente Jair Bolsonaro.
A carta, como se sabe, foi redigida pelo ex-presidente da República Michel Temer, com quem Etchegoyen trabalhou diretamente, enquanto ministro.
A coluna, contudo, decidiu destacar a fala do general por trazer uma perspectiva importante: a de que há setores, os militares entre eles, que estão sim descontentes com a forma como o STF está agindo. Tal como Bolsonaro. Na entrevista, o general apontou condutas do Judiciário que, segundo ele, não contribuem para a harmonia entre os Poderes:
— Eu acho que a gente tem que ponderar algumas questões. Será que na véspera do 7 de setembro era o dia de mandar prender o Zé Trovão? Será que isso é prudente? A lei, o Supremo e a nossa Justiça é muito hábil nisso, na aplicação da lei conforme as circunstâncias. O STF vive dizendo que é um tribunal que é político também. Então eu acho que essas provocações não ajudam em nada. Acham que essas medidas são provocações e não ajudam em nada — avaliou.
Questionado se o Supremo passa do ponto, o ex-ministro afirmou:
— Eu não diria o Supremo. Eu diria que alguns ministros do STF perderam a noção do papel que têm que desempenhar. Isso não é uma coisa que sou eu que digo. São grandes juristas que dizem. Eu tenho muita dúvidas para dar legitimidade a decisões que são tomadas no grito, em ambiente de ofensas pessoais. Em ambientes de confronto, de discussão, de coação e de troca de desaforos. E eu estou contando o que se vê na TV Justiça. Não estou inventando nada e nem estou entre aqueles que acha que o Supremo é a causa de todos os males do país. Mas acho que falta compostura. E acho que ao faltar compostura eu não sou obrigado a acreditar e confiar. Honestamente — concluiu.