O governador do Estado, Eduardo Leite, não economizou nas palavras ao se referir ao crescimento de casos de coronavírus e, por consequência, ao aumento na ocupação de leitos hospitalares no Rio Grande do Sul. Tal como em São Paulo, o governo gaúcho constatou elevação significativa de internações por causa da covid-19 nas últimas semanas.
— Em algumas regiões, temos mais pacientes internados (com covid-19) do que no momento do pico. É o caso da região Centro-Oeste, Uruguaiana — afirmou Leite, na entrevista que concedeu ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta terça-feira (24).
Daí a subida de tom, que já havia sido adianta pela coluna. As autoridades sabem que uma ocupação expressiva e crescente dos leitos pode colapsar a estrutura de saúde.
E não é culpa do governador, do prefeito ou do secretário de Saúde (embora considero responsável a autoridade que insiste em negar ou minimizar a pandemia, influenciando a população a se refestelar por aí).
O mundo inteiro tem se dedicado, de maneira incansável, a entender o comportamento do vírus, e ainda são mais perguntas do que respostas. A tão falada Suécia registrou recorde de novos casos de covid-19 e cancelou eventos esportivos diante da situação preocupante. O fato é que as certezas ainda são muito poucas. Uma delas: o uso da máscara consegue produzir resultados eficazes quanto à interrupção da disseminação do vírus.
Daí a necessidade de reforçarmos a importância das ações individuais. Menos do que esperar do poder público — coisa que nós, brasileiros, gostamos muito de fazer —, a chave, neste caso, está em conscientização quanto a pequenos atos cotidianos. Incluindo, sim, o uso da máscara (tapando o nariz, registre-se).
Como observou a diretora-presidente do Clínicas, Nadine Clausell, há um "relaxamento coletivo" por parte da população. Ah, mas e as eleições? É provável que tenham influenciado, a partir do corpo a corpo (mesmo que um pouco mais tímido) das campanhas. Mas a quem cabe a responsabilidade de manter o distanciamento, o uso de máscara e álcool gel? Sim, você mesmo. A urna eletrônica não precisa de máscara. Você, sim.
A diretora-presidente do Clínicas foi além quanto à análise da conjuntura. E explicou que se os leitos de UTI estiverem com ocupação significativa, é provável que não haja vagas para pacientes que necessitam de procedimentos absolutamente importantes, como cirurgias oncológicas, cardíacas ou mesmo um transplante de órgãos.
— Como eu notei uma modificação no comportamento das pessoas, esta curva só vai aumentar. As fotos do litoral vocês estão acompanhando, praias lotadas. Se casos do litoral aumentam, vêm pra Porto Alegre (...) Cada um de nós pode fazer um pouquinho, segurando um pouco as coisas.
Por isso, o governador não descarta a possibilidade de precisar adotar medidas restritivas novamente:
— Estamos estudando, se for o caso, medidas mais restritivas — admitiu.
E a única forma de evitarmos este cenário é se todos nós fizermos, com responsabilidade, a nossa parte. Proteja-se.