A derrota de Donald Trump em locais com população majoritariamente negra é vista pelo jornalista e escritor Laurentino Gomes como um preço que está sendo pago pelo apoio dado pelo presidente americano a grupos supremacistas brancos. Candidato à reeleição, Trump havia apresentado desempenho (até esta sexta-feira, 6 de novembro) insuficiente para ser reconduzido ao cargo. Até às 15h, os números da apuração nos Estados Unidos eram mais favoráveis ao adversário dele, o democrata Joe Biden.
Para o autor de Escravidão, o mandatário estadunidense errou ao desconsiderar os reflexos da escravização na sociedade e, deste modo, não respeitar os direitos da população negra daquele país.
- Escravidão não é assunto de museu e livro de história. É um tema que está presente na nossa realidade, seja no Brasil ou nos Estados Unidos. O que está acontecendo nos Estados Unidos hoje é uma coisa muito simbólica. Nós temos na Casa Branca um presidente que é sustentado e apoia movimentos supremacistas brancos, um presidente profundamente racista, intolerante com a diversidade racial nos Estados Unidos e ele está pagando o preço porque são três grandes capitais americanas que estão virando contra ele - avaliou.
O escritor, que estará presente na Feira do Livro de Porto Alegre (pela primeira vez realizada de forma virtual), completou, citando as cidades em que esta situação se verificou:
- Primeiro foi Detroit, que é uma cidade negra. Depois Atlanta, que é um símbolo da escravidão nos Estados Unidos. E a Filadélfia que foi uma cidade refúgio, a chamada ferrovia subterrânea, que era por onde os escravos do sul fugiam para o norte. Essas três cidades estão cobrando. É como se fosse uma vingança contra seus opressores - concluiu.
Para Laurentino, o Brasil vive situação semelhante, em relação ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro. Ele exemplificou citando situações em que o presidente brasileiro, ainda durante a campanha, adotou comportamento racista:
- Ele, durante a campanha, criticou os quilombolas, disse que os culpados pela escravidão eram os próprios negros, que os portugueses não entravam na África. E olha, ele fique atento! Escravidão é um assunto sério e se volta contra quem não leva esse assunto com a seriedade que exige.