O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a criticar a condução do governo Bolsonaro quanto às ações de enfrentamento à pandemia de coronavírus. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (9), Doria disse que além da doença, os brasileiros precisam enfrentar o "bolsonarovírus", repudiando a forma como o presidente da República age em relação à covid-19.
Para Doria, Bolsonaro errou feio ao minimizar os efeitos da doença, quando disse se tratar de uma "gripezinha".
- Bolsonaro é um negacionista. É um Trump Brasileiro - alfinetou.
Ele também atacou o fato de o chefe do Executivo "politizar" questões como a escolha sobre qual vacina será utilizada pelo governo federal para imunizar os brasileiros.
O governador tucano disse que torce para que outras vacinas - além daquela desenvolvida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de SP - tenham êxito em seus testes de eficácia. Isso porque, segundo ele, o país precisará de mais de um imunizante para conseguir atender toda a população.
Além disso, Doria acusou o governo Bolsonaro de atrasar recursos que seriam aplicados pelo governo federal para desenvolver a vacina chinesa contra o coronavírus. Ele especificou um impasse estabelecido a partir de um acordo firmado junto ao Ministério da Saúde e que, segundo ele, não foi cumprido.
- O governo federal prometeu e não viabilizou, R$ 84 milhões foram prometidos para esta nova fábrica de vacinas do Butantan. Aliás, foi prometido a mim pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. E também ao presidente do Butantan, Dimas Covas, pelos secretários do Ministério da Saúde. Eu não quero aqui desmentir a posição dada a mim pelo ministro Eduardo Pazuello, que é uma pessoa que eu confio, apesar de servir a um governo negacionista que é o governo Bolsonaro. O ministro Pazuello é um homem de bem e tem conduzido bem as questões do ministério que ele comanda. Mas até o presente momento o recurso não chegou ao governo de São Paulo, na verdade, ao Instituto Butantan. Era o compromisso do governo federal e não foi cumprido - contou.
Ouça a entrevista na íntegra:
Nesta segunda-feira (9), a jornalista Camila Mattoso, da Folha de São Paulo, afirmou que o governo Bolsonaro inclusive avalia reduzir o repasse para a compra de máquinas e melhorias nas instalações da fábrica da vacina contra a covid-19, a despeito do acordo firmado previamente por Pazuello e mencionado por Doria na entrevista à Rádio Gaúcha.