Era por volta de oito horas da noite desta segunda-feira (12) quando uma sequência de estouros foi ouvida por moradores do bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Eu me preparava para as entrevistas da série que estamos produzindo em GZH com os candidatos à prefeitura de Porto Alegre, quando ouvi o barulho e confesso que achei que eram fogos de artifício. Minha suspeita talvez dissesse algo sobre mim - já que desconheço tecnicamente o som de um tiro - ou até mesmo sobre o bairro, que é por característica residencial e relativamente calmo, em relação a outras zonas da cidade.
Mas eu estava errada. Em plena noite de segunda-feira, enquanto moradores circulavam tranquilamente pelas ruas, policiais trocaram tiros com criminosos que haviam assaltado a farmácia Panvel, na esquina da Protásio Alves com a Carazinho.
Esse, aliás, é um horário em que ainda há bastante gente na rua. Muitos dos moradores locais costumam aproveitar o fim do expediente para passear com seus bichinhos de estimação. Não foi diferente ontem - em que pese o feriado de Nossa Senhora Aparecida.
O barulho dos disparos provocou correria de pedestres. Assustado, um morador tentou se proteger no estacionamento do supermercado Zaffari (em frente à farmácia assaltada). A cachorrinha dele soltou-se da guia e, em vez de seguir o dono, acompanhou outras pessoas na fuga e desapareceu ao descer a Carazinho. O dono está até agora em busca do animalzinho.
O fato em si, infelizmente, tornou-se corriqueiro no cotidiano das cidades brasileiras. Levante a mão aquele que nunca foi assaltado em Porto Alegre ou que não conhece alguém que tenha sido, com violência física ou sem. Infelizmente, a segurança pública virou chaga nossa de cada dia, e que precisa ser enfrentada com rigor pelos nossos governantes. Em tempo: cabe aqui ressaltarmos o valoroso trabalho da polícia gaúcha que imediatamente respondeu ao assalto e conseguiu prender os criminosos - na noite de ontem, foram levados a hospitais por conta dos ferimentos.
Poderíamos aqui nos estender com análise mais profunda sobre uma série de temas acerca do episódio: a ausência de políticas públicas suficientes (e eficientes) para enfrentar a criminalidade, as masmorras que se tornaram os presídios gaúchos (e brasileiros) - que não somente não recuperam ninguém, mas devolvem à sociedade pós-graduandos no mundo do crime -, a necessidade de rediscutirmos legislações permissivas que colocam em liberdade chefes do tráfico altamente perigosos, vide decisão recente do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal.
Mas vou me ater apenas a um ponto: este ano, caro leitor, cara leitora, é ano de escolhermos aquele ou aquela que governará nossa cidade. E ainda que você esteja cansado de política é uma chance que temos de estudar e optar pela melhor proposta, apontar para um plano seguro para nossas famílias, optar por aquele que julgamos apto para executar ou seguir executando políticas públicas capazes de transformar o lugar em que vivemos. Por isso, mais do que nunca, informe-se. Procure saber. Faltando um mês para a eleição municipal, você tem o direito - e o dever - de apontar qual caminho a sua cidade deve seguir.