O primeiro debate com os candidatos à prefeitura Porto Alegre chamou mais atenção pela forma, do que pelo conteúdo. De forma inédita, eles foram dispostos lado a lado em um estacionamento e responderam às perguntas dentro de carros. Tudo sob cuidados rigorosos de um protocolo que levava em consideração a pandemia de coronavírus.
Nem mesmo o momento trágico em que mais de 141 mil pessoas perderam a vida por coronavírus impediu bizarrices por parte de quem se julga apto para ser prefeito ou prefeita da capital do Rio Grande do Seul. Entre os momentos bizarros, um candidato tentou menosprezar o outro porque, segundo ele, o oponente era "mandado pela mulher".
Além de desrespeitoso, mostra que não tem consideração com milhares de eleitoras porto-alegrenses que chefiam suas famílias e esperam do gestor municipal uma postura condizente com o cargo. Lamentável, pra dizer o mínimo.
São muitos os candidatos. Treze, para ser precisa. Com tantas pessoas na disputa, fica difícil se atentar à ideia central de cada um, já que o tempo precisa ser dividido igualmente (e não há eleitor que aguente 24 horas de conversa).
A legislação eleitoral, nesse caso, acaba tornando impossível um aprofundamento das ideias dos candidatos ao Executivo. São poucos os minutos para que temas relevantes como mobilidade, saneamento e educação sejam explorados.
Além disso, ainda que ideias interessantes tenham sido mencionadas por candidatos propositivos, faltou dizer de onde sairão recursos para executar propostas bem intencionadas, como por exemplo, dar um tablet para cada criança do Ensino Básico, cuja responsabilidade é da prefeitura. Ou mesmo a ideia de estender horários de creches para atender, de forma acertada, mães e pais que trabalham fora.
Não há dinheiro sobrando e vai ser preciso explicar como e de onde tirar recursos.
E houve ainda espaço para ataques entre os postulantes ao Paço Municipal. Como era de se esperar, a gestão atual — de Nelson Marchezan — virou vitrine, inclusive por parte do atual vice-prefeito. O tucano sofreu críticas de candidatos de toda a sorte, de direita, de esquerda, de extrema direita e extrema esquerda.
Aqui cabe uma observação como metáfora de futebol: quem está de fora sempre acredita ter melhor solução para o problema. Não há novidade quanto a isso.
Em suma, o debate é sempre interessante como parte de um processo democrático de escolha, de qual caminho queremos para nossa cidade. E, ainda que não seja possível diagnosticar de pronto o melhor ou a melhor candidata na disputa, ao menos já há pistas sobre quem o eleitor pode descartar.