Não adianta. Não tem solução mágica. O presidente Jair Bolsonaro articulou um novo programa social para chamar de seu e agora corre contra o tempo para encontrar formas de pagar - literalmente - a promessa feita.
Na tentativa de não furar o teto de gastos, visto pelo mercado como sinal de responsabilidade com as contas públicas, Paulo Guedes e a equipe econômica bateram cabeça nos últimos dias para encontrar formas de financiar o recém anunciado Renda Cidadã. Com viés mais austero, o "posto Ipiranga" chegou a trocar farpas públicas com o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) a quem acusou de "desleal" e "fura-teto", em se confirmando notícia veiculada pela imprensa de que não teria economizado nas críticas ao titular da Economia.
Diante da péssima repercussão sobre um eventual uso do dinheiro e precatórios, o governo agora ventila uma nova ideia. Conforme revelou o jornal Folha de São Paulo, Bolsonaro e seus ministros planejam extinguir o desconto de 20% concedido automaticamente a contribuintes que optam pela declaração simplificada do Imposto de Renda da pessoa física. Sim, é isso mesmo. Alguém precisará pagar a conta. A medida atingiria 17 milhões de pessoas atingidas.
Revelou a Folha que inicialmente a ideia de Guedes e da equipe econômica era acabar com as deduções médicas e de educação. Somados, os descontos atingem valor aproximado de R$ 20 bilhões em um ano. Contudo, essa proposta atingiria em cheio a classe média, majoritariamente eleitora de Bolsonaro. Diante disso, prevaleceu o modelo que extinguiria o desconto da declaração simplificada. Assim, o formulário simplificado deixaria de existir.
Há, entretanto, um apontamento importante feito à coluna pelo ex-secretário da Fazenda do RS, Aod Cunha.
- Não resolve o problema do teto de gastos. Porque é aumento de receita. Se quiser manter o teto, o governo continua precisando cortar outra despesa - avaliou.
Na prática, Bolsonaro empurrou a si próprio para uma cilada. Mas não foi sozinho. Levou Guedes junto. Sob o desespero do fim próximo do auxílio emergencial (em dezembro), o presidente prometeu algo que dificilmente será cumprido sem furar o próprio teto. É populismo que chama? Acompanhemos.