
Numa ação de cerca de três minutos, na manhã de 5 de fevereiro, criminosos armados, usando coletes à prova de balas e máscaras, sequestraram um empresário em São Leopoldo, no Vale do Sinos, e fugiram levando a vítima dentro de um carro.
No mesmo dia, o corpo de Diego Brito da Silva, 32 anos, foi encontrado carbonizado junto do mesmo veículo no bairro São Miguel. O crime vem sendo apurado desde então pela Polícia Civil.
À frente da investigação, a delegada Graziela Zinelli, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo, diz que a polícia possui algumas linhas de investigação para o assassinato, mas mantém os detalhes em sigilo até o momento.
— A Polícia Civil está trabalhando com prioridade para elucidar as circunstâncias do crime e responsabilizar os autores pela brutalidade cometida — diz a delegada.
Um dos pontos que deve ser esclarecido é o que motivou os criminosos a levarem e executarem a vítima de forma violenta. Zero Hora elencou alguns detalhes sobre o crime.
Entenda o caso
O sequestro
Às 10h34min, três criminosos encapuzados, armados, usando coletes à prova de balas e roupas pretas e camufladas entraram pelo portão de ferro do local de trabalho do empresário. Uma câmera de segurança registrou a movimentação. É possível ver quando os bandidos ingressam no local e saem minutos depois.
Silva é levado com as mãos para trás e de cabeça baixa. Um quarto criminoso aguarda no volante de um Sentra branco, em frente ao local. O empresário é levado até o carro e obrigado a entrar pelo banco de trás. O veículo parte dali.
Falsos policiais
O vídeo, que registrou o sequestro de Silva, permite constatar que os criminosos chegaram ao local fingindo ser policiais. No áudio, é possível ouvir quando os bandidos gritam:
— Todo mundo no chão! Polícia! É só uma operação!
As vestimentas usadas pelos executores também buscavam forjar uma ação policial.
Descoberta da morte
Logo depois, equipes da Polícia Civil e da Brigada Militar são acionadas em razão de um veículo incendiado numa rua de chão batido às margens do bairro São Miguel, em São Leopoldo. Policiais e perícia constatam que uma vítima, já sem vida, havia sido retirada de dentro do carro.
Embora houvesse a suspeita de que se tratava do empresário levado, a vítima só foi identificada formalmente nesta semana após o resultado de exame realizado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que comparou materiais genéticos da vítima e de sua mãe.
Disparos
Silva tinha ao menos um disparo de arma de fogo na cabeça e estava algemado com as mãos para trás. Quando foi retirado do local onde trabalhava, no bairro Campina, o empresário já estava imobilizado dessa mesma forma. Não havia outros sinais de tortura na vítima. Além disso, o corpo também estava carbonizado, sendo recolhidos 14 estojos deflagrados de arma de fogo.
Veículo furtado
O carro usado no crime, um Sentra branco, de Novo Hamburgo, também no Vale do Sinos, segundo a Polícia Civil, havia sido furtado e teve as placas clonadas. Em razão da destruição provocada pelo incêndio, não foi possível identificar a placa adulterada.
Tempo entre sequestro e crime
A execução da vítima e carbonização do corpo e veículo, no bairro São Miguel, teria acontecido entre 10 a 15 minutos após o empresário ter sido arrebatado no bairro Campina, também em São Leopoldo.
A distância entre os dois bairros é de cerca de 2,5 quilômetros, sendo percorrida em menos de cinco minutos. O bairro São Miguel é uma área conflagrada pelo tráfico de drogas.
Histórico criminal
A Polícia Civil ainda precisa esclarecer o que motivou o crime. Uma das suspeitas é de que possa haver envolvimento do crime organizado, em razão das características da execução. Silva tinha antecedentes, conforme a polícia, por homicídio e lesão corporal.
A vítima
Diego era dono de uma empresa de montagem de estruturas de feiras e eventos. A mãe do empresário, Terezinha Silva, 59 anos, disse à RBS TV que, para a família, a motivação do crime é um mistério.
— Estou muito abalada. Só quero quarto, dormir o dia inteiro. A cabeça fica um turbilhão. O meu filho estava trabalhando e foi como um bicho para o abate — lamenta a mulher.